EPE admite reservatórios "abaixo do normal", mas nega racionamento

08/01/2013 14:47

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Terra

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Não há qualquer discussão em curso para se economizar energia, ou mesmo o gás usado pela indústria, que seria desviado para a geração elétrica. Quem garante é o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, que ressaltou, nesta terça-feira, que o sistema elétrico brasileiro está bem estruturado, e que a baixa no nível dos reservatórios é conjuntural.

Em linha com o discurso do governo, o executivo negou que haja qualquer risco de um novo racionamento no País. Refutou também que esteja em andamento qualquer debate que envolva a questão de se economizar energia para se evitar um desabastecimento. Ao comparar o atual comento com a falta de energia de 2001, garantiu que o País tem uma condição segura, com maior capacidade de geração e transmissão.

"O período de chuvas atrasou, e o nível dos reservatórios está abaixo do normal. É um fato que pode ocorrer. O sistema hidrelétrico depende da hidrologia. Para sanar isso, entraram mais usinas termelétricas em operação. A situação é muito distinta de 2001. Estruturalmente, a condição é muito diferente", afirmou, em entrevista a jornalistas, na sede da empresa, no Rio.

Tolmasquim destacou que está prevista a entrada de 9 mil megawatts (MW) de capacidade instalada em 2013, volume acima da média dos últimos anos, especialmente impulsionado pela entrada em operação de geradoras das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira (RO). Nos últimos dez anos, foram adicionados, em média, 4.300 MW de capacidade instalada por ano. Disse ainda que há projeção de chuvas nos próximos meses. Com isso, os níveis dos reservatórios serão recuperados. Atualmente, estão com apenas 28,43% ocupados no sistema Sudeste/Centro-Oeste, e com 30,64% no Nordeste. O presidente da EPE acrescentou que está prevista ainda a entrada de cerca de 10 mil km de linhas de transmissão este ano.

"Não trabalhamos com a possibilidade de racionamento. Temos as chuvas que chegarão, mais oferta entrando. A chuva está atrasada, mas está por vir. E temos uma situação estrutural boa", observou.

Em diversos momentos, Tolmasquim fez questão de negar qualquer semelhança com o cenário que era notado em 2001, quando houve um grande racionamento no país. Fez questão de exaltar o que foi feito no setor elétrico ao longo dos últimos anos. Segundo o executivo, a capacidade instalada de geração aumentou 75% de 2001 a 2012; a capacidade instalada de usinas termelétricas movidas por combustíveis subiu 150% no período; e a capacidade de transmissão do país teve incremento de 68% de 2001 a 2012, pontuou Tolmasquim.

No Nordeste, a capacidade instaladas de linhas de transmissão triplicou, ainda de acordo com o presidente da EPE. É com esse reforço que o governo conta para evitar que a situação na região piore. A previsão indica que poderá chover menos no Nordeste do que nas outras regiões. Caso isso aconteça, a ideia é transferir um volume considerável para lá, a fim de evitar um racionamento.

Para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, a expectativa é que haja chuvas suficientes para se retomar os níveis dos reservatórios. Com isso, se evitaria "importar" de energia elétrica da região Sul, onde a situação é mais tranquila.

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