Começa julgamento de acusados de estupro coletivo contra jovem indiana

03/01/2013 15:49

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EFE

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O julgamento contra cinco dos seis acusados de estuprar uma jovem estudante, que acabou morrendo, começou nesta quinta-feira em Nova Délhi em meio a uma grande expectativa e pedidos de que os réus sejam condenados à morte.

A polícia apresentou ao magistrado Surya Malik Grover, da corte metropolitana de Saket, no sul da capital indiana, um relatório contra os acusados e este, segundo afirmaram vários meios de imprensa locais, tomará uma decisão em 5 de janeiro.

Os acusados de estuprar e torturar a estudante de 23 anos em um ônibus em Nova Délhi não foram ao tribunal, onde muitas pessoas se aglomeravam na porta do prédio com cartazes que pediam a condenação máxima para os estupradores e maior segurança para as mulheres.

No julgamento será empregada como prova a narração do que aconteceu com a vítima atacada antes de morrer em um hospital de Cingapura. Além disso, outras 30 testemunhas, entre eles vários médicos que trataram a paciente, também serão ouvidos.

O julgamento será desenvolvido pela "via rápida" e terá audiências diárias, disse ao jornal "The Hindu" o presidente do Tribunal Supremo da Índia, Altamas Kabir, que acrescentou que serão constituídos quatro tribunais a mais para julgar casos de violência sexual.

"Os manifestantes pediram que os acusados não sejam julgados e que merecem ser executados, mas não devemos deixar de fazer um julgamento justo por querer fazer um julgamento rápido", afirmou Kabir.

O presidente do Tribunal Supremo disse que aqueles que querem fazer justiça pelas próprias mãos, não devem perder de vista "o fato de que uma pessoa é inocente até que seja provada sua culpa".

No entanto, o representante do Colégio de Advogados de Saket, Sanjay Kumar, afirmou ao mesmo jornal que nenhum dos 2.500 advogados registrados na corte defenderá os cinco acusados, para "assim assegurar que o julgamento seja feito de forma rápida".

As autoridades indianas terão que proporcionar defesa para os implicados no caso de violação, que permanecem incomunicáveis para evitar incidentes com outros reclusos na prisão Délhi de Tihar, informou o canal local "NDTV".

Um sexto envolvido no caso de violação tem apenas 17 anos, por isso que se encontra recluso em um centro para menores e, segundo fontes legais, poderia sair da prisão em "dois ou três anos", enquanto os adultos podem ser condenados à morte.

"O jovem deveria ser julgado antes dos outros, pois foi ele quem atraiu a minha filha para o interior do ônibus e foi quem a torturou de maneira mais impiedosa. Deveria ser executado da mesma forma que os outros cinco", disse o pai da vítima ao jornal "The Economic Times".

O pai da jovem afirmou, via telefônica desde seu povo no estado indiano de Uttar Pradesh, que o governo central deveria reduzir a idade penal para 15 anos, pois se este menino cometeu "brutalidades" aos 17, "o que ele fará quando crescer?".

Desde o estupro da jovem em 16 de dezembro, a Índia vive uma onda de protestos inéditos, alguns deles violentos, como o que deixou em Nova Délhi 143 feridos e um morto na praça da Porta da Índia há 11 dias.

A jovem, que foi estuprada e torturada durante 40 minutos, foi transferida há uma semana para um hospital de Cingapura onde morreu por conta, segundo o último boletim médico, de "infecções nos pulmões e no abdomên e um grande ferimento cerebral".

O Escritório Nacional de Registros de Crimes revelou em 2011 que a cada 20 minutos uma mulher é violada na Índia, mas que apenas um em cada quatro casos, o violador é condenado devido, segundo os analistas, à "corrupção" no corpo policial.

No entanto, o caso da jovem de 23 anos enfureceu a Índia e provocou uma maior conscientização perante os abusos sexuais.

Primeira Edição © 2011