Conheça medidas simples que podem ajudar a prevenir a trombose

O problema pode ocorrer durante viagens longas, quando uma pessoa permanece muito tempo sentada, e pode comprometer a circulação na região das pernas.

19/12/2012 09:03

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Divulgação

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Medidas simples podem ajudar os passageiros a evitar os riscos de sofrer uma trombose venosa, especialmente em viagens aéreas de longa duração. A trombose ocorre quando em um determinado vaso sanguíneo, o sangue deixa de estar fluido para formar uma massa chamada de coágulo.

Essa massa provoca o entupimento agudo, obstruindo aquele trecho da circulação. Embora não existam dados que comprovem a existência da “síndrome da classe econômica”, percebe-se que indivíduos obesos, muito altos e que viagem preferencialmente no assento da janela, têm maior risco de trombose.

Para ajudar a esclarecer a população, um projeto de lei aprovado no Senado, aguarda a sanção da presidenta Dilma Roussef, para tornar obrigatório que as empresas de transporte coletivo instruam os passageiros sobre os cuidados preventivos.

Segundo o angiologista e cirurgião vascular Dr. Adilson Paschoa, a prevenção da trombose em viagens longas ainda é especulativa. Mas crê-se que escolher o assento do corredor e movimentar ativamente os membros pode aumentar velocidade da circulação do sangue, diminuindo o risco. Outro recurso que pode ser útil é o uso de meias de compressão graduada (conhecidas popularmente como “meias elásticas”). O uso de medicamentos pode ser indicado, mas precisa ser analisado individualmente por um médico.

Não há nenhum estudo que comprove que a pressurização da cabine, o consumo de bebidas alcoólicas ou a desidratação estejam relacionados à maior ocorrência de trombose nessa situação.

De modo geral, a ocorrência de trombose venosa relacionada a viagens é mais frequente em percursos acima de 8 horas de duração e está frequentemente associada a outros fatores, como cirurgia recente, idade avançada, câncer em atividade, uso de estrógeno, gravidez, trombofilia genética etc. “Por precaução, eu recomendaria às pessoas nestas condições que procurassem um médico para orientação antes da viagem”, avisa o Dr. Paschoa.

Habitualmente os sintomas da trombose venosa profunda dos membros inferiores são o inchaço do membro e a dor. No entanto, a sintomatologia pode ser branda, dependendo do território venoso acometido.

As veias com trombose acima do joelho costumam provocar mais sintomas (trombose venosa proximal) do que aquelas abaixo do joelho (trombose venosa distal). “Infelizmente, parte das tromboses não produzem sintomas e a primeira manifestação pode revelar a “viagem” de um coágulo que partiu do membro e que chega à circulação pulmonar, configurando o quadro de embolia pulmonar”, explica o especialista.

“Pode-se dizer que todo o indivíduo que fez uma viagem recente de longa duração e que apresente inchaço do membro inferior, dor e endurecimento de panturrilha, deve ser investigado para o diagnostico de trombose venosa”, alerta o médico.

Caso o paciente tenha uma trombose, é importantíssimo procurar o médico e seguir o tratamento recomendado. De acordo com o Dr. Adilson Paschoa, o tratamento clássico da trombose venosa se baseia no uso da heparina (por um período que varia de 5 a 10 dias) associada a uma droga inibidora da vitamina K (AVK), que deverá ser mantida por um período que varia de três a seis meses.

“O inconveniente desse tratamento é que o AVK tem dose individualizada e que precisa ser monitorada constantemente por um exame de sangue chamado de tempo de protrombina. Além do mais, o AVK sofre interferência de outras medicações e de vários alimentos”, explica o angiologista.

Mais recentemente, uma droga de uso oral inovadora chamada rivaroxabana (Xarelto®), da Bayer HealthCare Pharmaceuticals, demonstrou eficácia e segurança comparadas ao tratamento convencional, com o benefício de não precisar de controle laboratorial, de ter interações medicamentosas bastante restritas e não sofrer a interferência dos alimentos.

“Sem dúvida, esta “novidade” quebra o paradigma de um tratamento único, que persistia por mais de 50 anos, e inaugura um cenário promissor no tratamento do TEV. Pode-se dizer que a rivaroxabana oferece um tratamento simplificado para uma doença que não é simples”, informa o Dr. Paschoa.

Epidemiologia

Estudos mostram que o tromboembolismo venoso (TEV) é a terceira causa mais comum de morte cardiovascular em todo o mundo, sendo responsável por uma morte a cada 16s e ficando atrás apenas da doença cardíaca isquêmica e do acidente vascular cerebral (AVC). Nos Estados Unidos, estima-se que a TEV acometa cerca de 100 pessoas para cada 100.000 habitantes (um terço desses pacientes apresenta embolia pulmonar e dois terços apresentam trombose venosa profunda).

A mortalidade no primeiro mês após o episódio é de, 12% (EP) e 6% (TVP). Dados de hospitais americanos revelam a incidência de EP em 1 caso por 1.000 pessoas por ano ou 200.000 ‑300.000 hospitalizações por ano.¹

No Brasil, dois estudos já foram publicados com estimativas, sendo um relatando 0,4 caso de TEV por 1000 habitantes/ano, correspondendo a 0,6 caso de TEV por 1000 habitantes/ano ajustado pelo período² e outro que estima de 1 a 2 casos por 1000 habitantes da população geral³.

Já a embolia pulmonar acontece quando um coágulo desprende e viaja para os pulmões através do coração, podendo bloquear uma das artérias pulmonares. Sem tratamento, a consequente perda de função pulmonar pode levar rapidamente à morte, matando até 1 em 4 pacientes.

Os estudos sobre a epidemiologia de EP no Brasil são raros, todos com dados de autópsias, e mostram que, nessas condições, a prevalência de EP varia de 3,9% a 16,6%. Esses resultados são similares a estudos nos EUA, nos quais a prevalência de EP varia de 3,4% a 14,8%. No Brasil, dados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu mostram que a EP aparece em 19,1% das necropsias, sendo a causa do óbito em 3,7% desses pacientes.
 

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