Obama chega à cidade vítima de massacre

Presidente viajou até cidade vítima de massacre para confortar famílias de vítimas; 26 foram mortos por atirador

17/12/2012 05:41

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou ao final da tarde deste domingo a Newtown, onde um jovem armado assassinou 20 crianças e seis adultos em uma escola primária, chocando o país e o mundo.

A comitiva presidencial entrou na pequena cidade de Connecticut às 17h15 local (20h15 Brasília). Obama se encontrará com familiares das vítimas e membros dos serviços de emergência, antes de falar em uma cerimônia religiosa ecumênica.

A imensa tristeza que pesa sobre Newtown deu lugar à apreensão neste domingo, quando uma igreja foi esvaziada pela polícia depois de receber "ameaças" durante um culto em memória das vítimas do massacre.

Ameaça

A igreja católica de Saint Rose of Lima e um prédio adjacente foram evacuados pela polícia, quando centenas de fieis participavam da missa dominical e choravam as vítimas do massacre na escola primária de Sandy Rock.
Homens da SWAT entraram na igreja enquanto os sinos do templo tocavam repetidamente. Pouco depois, o alerta foi suspenso, mas o templo permaneceu fechado.

"Não há qualquer perigo para a igreja. Um telefonema preocupou a polícia, o suficiente para deflagrar a evacuação do local e uma verificação", explicou Brian Wallace, porta-voz da diocese. "O prédio foi fechado para devolver a calma" e a missa desta noite está cancelada.

Atirador

O porta-voz da polícia de Connecticut, Paul Vance, confirmou oficialmente neste domingo que o jovem que cometeu o massacre na escola do ensino fundamental de Newtown era Adam Lanza, 20 anos, que se suicidou.
Vance fez alusão a pessoas que se fizeram passar pelo assassino, Adam Lanza, ou que publicaram informações fazendo-se passar por policiais.

"Serei muito claro: as informações relacionadas a este assunto que vocês encontram nas redes sociais não foram publicadas pela Polícia de Connecticut, nem pela polícia de Newton, nem pelas autoridades", insistiu.

Informações

O porta-voz acrescentou que "estes atos (os de publicar informação falsa) constituem delitos e investigações que são realizadas tanto pelos estados quanto ao nível federal. Aqueles que cometerem tais atos serão procurados", advertiu.

A polícia tem se negado a revelar os elementos de provas que explicariam as razões de Lanza para cometer o massacre. As autoridades tampouco deram detalhes sobre os fatos praticados na sexta-feira, explicando que a investigação está em curso. No entanto, Vance citou a existência de quatro armas ao invés das três mencionadas até agora (duas pistolas e um fuzil de assalto).

Em um dia frio e cinzento, mais de uma centena de pessoas se reuniram a partir das 07h30 locais (10h30 de Brasília) na igreja católica Saint Rose of Lima. Mas diferente da noite de sexta-feira, a missa deste domingo foi fechada à imprensa, que não pôde se aproximar do local por decisão dos fiéis.

"A situação é extremamente tensa, por isso não queremos jornalistas ou câmeras aqui", disse Brian Wallace.
Ao final do primeiro culto, um vizinho de Newtown reiterou este pedido de "respeito" pelas famílias das vítimas, especialmente frente aos "próximos dias difíceis" que se avizinham com os funerais.

Um voluntário da Cruz Vermelha, Rosty Slabicky, também assistiu à missa na igreja Saint Rose of Lima, e destacou que as famílias e as pessoas que estiveram presentes no local da tragédia estavam "destroçadas".

Vítimas

A polícia revelou no sábado a identidade das 26 vítimas da escola de Newtown, ao norte de Nova York.

Entre elas há 12 meninas e oito meninos. Dezesseis crianças tinham seis anos e quatro tinham sete anos. O mais jovem, Noah Pozner, completara seis anos no dia 20 de novembro. O mais velho, Daniel Barden, havia completado sete anos em 25 de setembro. A maioria das crianças estava no primeiro ano, segundo as autoridades.

Seis mulheres adultas, funcionárias da escola, também morreram no massacre, incluindo a diretora, duas professoras e a psicóloga da escola.

Cena

O médico legista Wayne Carver afirmou que as crianças e as mulheres assassinadas por Adam Lanza, 20 anos, que matou a mãe antes do massacre e cometeu suicídio após a tragédia, receberam vários disparos.

"De três a 11 nos sete corpos que examinei pessoalmente", disse em uma entrevista coletiva. "Foi provavelmente a pior cena criminal que presenciei em 30 anos de carreira", completou.

O governador de Connecticut, Dan Malloy, dise à emissora ABC que o assassino "entrou na escola dando tiros. [A porta de] a escola estava trancada. Usou uma arma para quebrar o vidro e depois entrou", contou. Adam Lanza deu os tiros em "vários disparos", acrescentou Malloy.

Investigação

A investigação realizada tanto na escola quanto na casa do assassino, onde ele morava com a mãe, executada, permitiu encontrar "ótimos elementos" que "esperamos permitam dar uma ideia completa de como e, sobretudo, porque tudo aconteceu", disse Paul Vance.

A personalidade de Adam Lanza continua sendo um enigma. Ex-colegas de classe o descreveram como alguém tímido, solitário e muito inteligente.

O assassino não deu sinais de estar preparando um massacre. Alguns citaram a síndrome de Asperger, um transtorno de espectro autista, caracterizado pelas dificuldades para as relações sociais. Mas isto não foi confirmado.

Massacres

De todos os massacres em universidades e escolas nos Estados Unidos, o número de vítimas deste episódio é superado apenas pelo massacre da Universidade Virginia Tech em 2007, quando 32 pessoas foram assassinadas.

A senadora democrata Dianne Feinstein anunciou que apresentará um projeto de lei assim que o novo Congresso assumir, em janeiro, para proibir armas de assalto. "Vou apresentar no Senado e o mesmo projeto será introduzido na Câmara baixa, um projeto para proibir as armas de assalto", disse a senadora da Califórnia à rede NBC.

Consultada se o presidente apoiaria a iniciativa, a legisladora respondeu que "acho que fará".

Pedro Segarra, prefeito de Hartford, cidade capital de Connecticut, e cujo pai foi assassinado com uma arma de fogo, pediu este domingo a Washington que tome a iniciativa de deter "um apetite incrível" dos americanos por armas de fogo.

Segarra disse que os cidadãos de Connecticut "são muito partidários da desmilitarização da nossa comunidade e de tirar essas armas das ruas". 

Primeira Edição © 2011