'Eu não quero ter que apanhar outra vez', protesta estudante gay agredido em SP

André Baliera divulgou um vídeo para protestar contra ataque sofrido em São Paulo. "Ser gay nunca foi é fácil. Não na sociedade que a gente vive", afirma o estudante de Direito

06/12/2012 15:29

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O estudante de Direito da Universidade de São Paulo (USP), André Baliera, de 27 anos, que foi agredido por dois jovens quando voltava a pé para casa pela rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, na última segunda-feira (03), divulgou um vídeo para explicar sua versão do ocorrido e para protestar contra violência contra os homossexuais.

O estudante Bruno Portieri, de 25 anos, e o personal trainer Diego de Souza, de 29 anos, foram detidos acusados da agressão. A vítima disse que discutiu com os dois após ser ofendido por sua orientação sexual. Os agressores afirmam que foi uma discussão de trânsito.

Em mais de 12 minutos de depoimento, Baliera agradeceu às manifestações de apoio que recebeu e pediu atenção da sociedade contra a violência aos homessexuais. "Quero agradecer principalmente às três testemunhas que ficaram comigo durante a madrugada inteira na delegacia, provando a minha inocência, ratificando a minha versão, mostrando que eles são dois animais e que ele merecem que a Justiça seja feita", disse.

O estudante, que milita pela causa homossexual, criticou os agressores por terem afirmado à polícia que a briga não começou por motivação homofóbica. "Os caras estão começando a criar factóides em uma tentativa de se livrar do que aconteceu. Eles falaram que fui eu quem deu causa a agressão, que eu os ofendi, e que não foi motivado pela homofobia. Mas tudo começou porque o cara mais alto, o Bruno, começou a me ofender pela minha orientação sexual. Aí dizem que não tinha como saber que eu era gay. Mas tem sim, porque eu não escondo, pelos meus trejeitos a pela minha maneira de vestir. Mas o fato é que eles começaram me ofendendo pela minha orientação sexual. E tudo acabou como acabou".

Baliera criticou quem julga as pessoas pela orientação sexual e pediu união de quem luta e se sensibiliza pela causa. "Eles bateram em um cara que faz de tudo para ser o mais justo do mundo, um cara honesto que só queria chegar na casa dele. Um cara que faz trabalho voluntário, que pinta a cara para pedir dinheiro na rua para construir casa para que não tem onde viver. Esse é o cara que eu sou e na certa não é o cara que eles são. A única coisa que eu quero é Justiça. E peço para as pessoas que se sensibilizaram com essa história, que acreditam na paz, para estarem comigo, na contramão desses monstros. Peço para elas estarem comigo luntando pelos meus direitos e por essa parcela da população. Eu não quero ter que apanhar outra vez. Eu não quero ter que fingir não sou quem eu sou para ter voltar pra casa em segurança".

 

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