Após muita negociação, o enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, anunciou nesta quarta-feira que o governo de Damasco concordou com um cessar-fogo durante o feriado muçulmano de Eid al-Adha. A jornalistas, Brahimi disse que o presidente Bashar al-Assad deve anunciar a trégua oficialmente entre hoje e quinta-feira. O diplomata disse ter entrado em contato ainda com rebeldes e garante que a maioria aceitou o cessar-fogo, que deve entrar em vigor na sexta-feira.

- Após a visita que fiz a Damasco, há um acordo do governo sírio para um cessar-fogo durante o Eid - disse Brahimi em entrevista na sede da Liga Árabe, no Cairo.

O Eid al-Adha, Festival do Sacrifício, é celebrado por muçulmanos para comemorar a vontade de Abrão de sacrificar seu filho Ismael em prova de obediência a Deus. Este, no entanto, não é o primeiro cessar-fogo acordado com o regime Assad. Em abril, o então enviado Kofi Annan tentou estipular uma trégua, que foi amplamente desrespeitada pelo Exército. Desde então, a Síria entrou em uma espiral de violência.

- Se esse modesto acordo for bem sucedido, esperamos construir algo em cima, para que possamos negociar um cessar-fogo mais longo e sólido. Esta trégua deve ser parte de uma operação política - disse Brahimi.

Apesar dos esforços da ONU, o clima na Síria é de ceticismo em relação ao cessar-fogo. Na terça-feira, Abdel Basset Sayda, líder do Conselho Nacional Síria, disse que os rebeldes têm muitas dúvidas sobre a trégua. Segundo Sayda, a oposição quer o cessar-fogo, mas vai responder se for atacada. Para ele, o governo não vai respeitar o acordo, além disso Lakhdar Brahimi não teria como observar a situação.