Países latino-americanos unem forças para negociar com a China

24/10/2012 06:21

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EFE

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Cada vez mais países latino-americanos estão começando a estudar como podem se coordenar para conseguir uma posição mais forte na hora de comercializar e negociar com a China, disseram à Agência Efe vários vice-ministros que participaram nesta semana da maior reunião empresarial anual entre ambas as regiões.

Os representantes governamentais de Equador, Uruguai e Costa Rica que compareceram à 6ª Cúpula Empresarial entre a China, a América Latina e o Caribe, realizada na cidade oriental de Hangzhou, coincidiram em afirmar que existe uma sensibilidade crescente da sua região para esta ideia.

'A China é muito grande para que um único país tente abraçá-la de maneira individual', comentou o vice-ministro de Comércio costarriquenho, Fernando Ocampo, por isso 'existe uma sensibilidade crescente para ver quais estratégias vamos estabelecer entre nós para tirarmos uma maior vantagem deste mercado'.

'Países como Peru e Chile já deram passos muito importantes (tratados de livre-comércio com a China, assim como a Costa Rica), e eu acho que agora, em nível latino-americano, apesar de todos concorrermos para chegar ao mercado chinês, é hora de começarmos a pensar em estratégias conjuntas de como tirar proveito', ressaltou.

'O mundo de hoje requer uma reinvenção constante em busca de novas oportunidades', acrescentou.

E, ao se referir às crises da Europa e dos Estados Unidos (principais mercados de exportação da América Latina), Ocampo considerou que 'nos deram uma lição muito clara: é preciso pôr os ovos em cestas diferentes e, claramente, Ásia e China são mercados muito importantes'.

Já o vice-ministro de Economia e Finanças uruguaio, Luis Porto, destacou que 'temos uma assimetria muito grande entre a China e a América Latina; a China é um país continental, mas com um governo central, com planos quinquenais e com políticas dirigidas ao desenvolvimento desse continente'.

'Por outro lado, a América Latina não tem um governo supranacional, de modo que não temos a possibilidade de desenvolver políticas similares', disse.

Contudo, afirmou que já existe uma 'relação muito forte' entre os diferentes blocos da região, como o Mercosul e a Unasul, 'para tentar avançar com estratégias comuns de inserção frente ao resto do mundo', inclusive a China.

O vice-ministro de Produção, Emprego e Competitividade equatoriano, Rubén Morán, também concordou com eles ao dizer que na América Latina 'todos estamos trabalhando de maneira conjunta' para alcançar a 'etapa seguinte' da relação com a China, com maior investimento e presença de empresas do país asiático na região.

A necessidade de uma maior integração entre os países latino-americanos para negociar com parceiros comerciais do peso da China acabou aparecendo como uma das principais conclusões da cúpula deste ano.

Nessa mesma linha também se pronunciou a secretária-executiva da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (Cepal), a mexicana Alicia Bárcena.

'Acreditamos no regionalismo aberto, ou seja, que nossos países têm que se organizar entre si para poderem articular uma melhor postura intra-regional, gerar mecanismos intra-regionais, via Unasul, via Aliança do Pacífico, via cooperação centro-americana', afirmou.

'Para isso é preciso uma visão pragmática', para que ocorra 'uma evolução necessária' nestes anos, porque 'cada país não terá sucesso' negociando sozinho diante de potências econômicas como a China, destacou.

Alguns presidentes latino-americanos já veem este fato com muita clareza, como Juan Manuel Santos (Colômbia) e Rafael Correa (Equador), disse Bárcena, e previu que esta tendência aumentará.

'O comércio está com problemas em todas as partes do mundo, e vamos ter que optar por uma estratégia integrada de investimentos, comércio e cooperação', e previu: 'Acho que não podemos ter uma concorrência entre nós, porque não será útil para as futuras gerações'.

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