Ex-mordomo do Papa cumprirá pena em cela do Vaticano

Vaticano divulgou também o texto da sentença do Tribunal da Santa Sé, que estabelece que a pena será contada a partir da reclusão, em maio

23/10/2012 13:58

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AFP

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O ex-mordomo do Papa Bento XVI, Paolo Gabriele, condenado a 18 meses de prisão por "roubo agravado", cumprirá a pena em uma cela do Vaticano, informou nesta terça-feira o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

O Vaticano divulgou também o texto da sentença do Tribunal da Santa Sé, que estabelece que a pena será contada a partir da reclusão, em maio.

Lombardi explicou que, em consequência da gravidade da condenação, Gabriele não será beneficiado pela liberdade condicional.

O ex-mordomo do Papa, de 46 anos, com cidadania do Vaticano, foi condenado em 6 de outubro a um ano e meio de prisão por roubar centenas de documentos confidenciais do Sumo Pontífice e de seu secretário, que foram repassados à imprensa.

O Tribunal do Vaticano condenou Gabriele a três anos de prisão, mas reduziu a pena à metade ao conceder atenuantes. A sentença ainda pode ser alterada, já que os prazos para apresentar recursos não chegaram ao fim.

O laico mais próximo a serviço do Papa permanece em prisão domiciliar com a família dentro do Vaticano e não está descartada a possibilidade de clemência do pontífice.

"Se não apresentar recursos nos próximos dias, Gabriele cumprirá pena dentro do Vaticano. Várias celas da gendarmaria foram equipadas para recebê-lo", disse Lombardi.

O porta-voz papal reiterou a possibilidade de perdão.

"É uma possibilidade, mas ninguém sabe".

Gabriele deverá pagar também o custo do processo, de quase 1.000 euros.

O julgamento do mordomo do Papa deixou mais dúvidas que respostas sobre o chamado "Vatileaks", o caso de divulgação de documentos confidenciais do Vaticano que, segundo os analistas, não pode ser considerado concluído.

O julgamento evidenciou um ambiente de descontentamento e frustração no círculo próximo ao Papa e não dissipou a suspeita de que, por trás do caso, estava sendo organizado um complô contra alguns setores da hierarquia eclesiástica.

O suposto cúmplice de Gabriele, o técnico de informática Claudio Sciarpelletti, será julgado a partir de 5 de novembro.

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