Conselho restringe reposição hormonal

Método não poderá ser usado para retardar o envelhecimento

20/10/2012 07:04

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O Dia

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O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou ontem resolução proibindo — sob pena até de cassação de licença — a prescrição por médicos da reposição hormonal em tratamentos que prometem retardar ou impedir o envelhecimento, conhecidos como “anti-aging”. O argumento é que a reposição e a suplementação com antioxidantes (vitaminas e sais minerais) para este fim não têm comprovação científica e geram riscos.

Segundo a Câmara Técnica de Geriatria do CFM, prescrever hormônio do crescimento para “rejuvenescer” um adulto sem deficiência da substância é submetê-lo ao risco de adquirir várias doenças, entre elas diabetes e câncer.

Maria do Carmo Lencastre de Menezes e Cruz, membro da comissão, explica que o abuso da testosterona pode levar à maior incidência de câncer de próstata, por exemplo. Ela explica que outros hormônios em excesso podem causar hipertensão.

A médica aprova, no entanto, o uso em pacientes específicos. Em mulheres que sofrem problemas em fases da menopausa, por exemplo. “Mas não é toda mulher na menopausa que precisa repor”, diz.

O presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento, Wilmar Jorge Accursio, afirma que, de fato, há abuso na prescrição de hormônios. Já o presidente da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia, Ítalo Rachid, discorda de pontos da resolução do CFM. Ele alega que a reposição e suplementação hormonal podem ter caráter preventivo em males como a prevenção da perda de massa óssea em mulheres.

Segundo a Corregedoria do CFM, em quatro anos, a entidade cassou o registro profissional de cinco médicos que praticavam os procedimentos sem comprovação científica.

Cantor: exames constantes

O perfil de quem repõe hormônios varia. Após constatar alterações em taxas hormonais, o cantor Paulinho Moska, 45 anos, começou recentemente tratamento de reposição. Ele já fazia uso de medicamentos ortomoleculares, que também poderão sofrer restrições do CFM, segundo comunicado divulgado ontem.

Moska conta que começou o tratamento ortomolecular por ter baixa imunidade. E diz que seu médico indicou a reposição depois de verificar exames e quando informou que iria começar a fazer exercícios.

“Acho que o importante é haver um acompanhamento constante através de exames e pensar na saúde, não com objetivo de deixar de envelhecer”, opina.

Primeira Edição © 2011