Estagiária que aplicou café com leite em idosa estava há um mês em PAM

16/10/2012 07:02

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O Dia

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De acordo com Alexandre Ziehe, delegado titular da 64ª DP de São João de Meriti, a estagiária que cometeu o erro fatal de aplicar café com leite na veia de Palmerina Pires Ribeiro, de 80 anos, tem 23 anos e atuava no PAM há apenas um mês.

O delegado não quis revelar o nome da estudante, que ainda vai prestar depoimento esta semana. Caso seja condenada pela acusação de homicídio culposo, a punição é de um a três anos de detenção, podendo ser substituída por pena alternativa de prestação de serviços.

O inquérito deverá ser concluído em 30 dias. A família de Palmerina promete denunciar o erro à Assembleia Estadual do Rio e à Secretaria Estadual de Saúde. Eles querem punição a todos os responsáveis.

Responsáveis afastados

A 64ª DP (São João de Meriti) abriu inquérito para apurar a morte da idosa, que recebeu meio copo de café com leite na veia, domingo à tarde, no Posto de Atendimento Médico (PAM) de São João de Meriti. A unidade afastou duas estagiárias e a técnica de enfermagem responsável.

O caso foi registrado como homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. O delegado titular, Alexandre Ziehe, vai ouvir esta semana todos os envolvidos. Palmerina estava internada há 10 dias, com infecção urinária, era alimentada por sonda pelo nariz e recebia soro em via venosa no pescoço.

Uma das filhas da paciente, Loreni Ribeiro, 46, estava com a mãe e viu quando duas estagiárias entraram no quarto, sem supervisão profissional. Uma se enganou e aplicou o café com leite na veia. Segundos depois, a paciente começou a ter convulsões e a estagiária afirmou que era frio.

“Vi, quando o cobertor levantou, que o líquido estava no tubo errado e avisei”, contou Loreni, que está sob efeito de calmantes. Indignado, o neto de Palmerina, Gilberto Ribeiro, 38, contou que a avó receberia alta médica nesta segunda-feira: “Ficamos 14 horas no PAM sem nenhuma explicação para a morte da minha avó”.

Ainda segundo a família, a direção do posto chamou a Polícia Militar para conter os ânimos dos familiares. Ao chegar lá, os policiais conduziram os parentes a prestar queixa contra o PAM.

A diretoria da unidade admitiu ontem o erro e, em nota, a Secretaria de Saúde de São João de Meriti informou que a estagiária e as enfermeiras supervisoras de estágio e de plantão foram afastadas de suas funções e que abrirá sindicância para investigar o caso.

Há menos de uma semana, em Barra Mansa, Ilda Vitor Maciel, de 88 anos, teve sopa injetada na veia na Santa Casa de Misericórdia e morreu horas depois.

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RJ) promete ir à Justiça para obrigar as duas unidades a fornecerem os nomes dos profissionais e estagiários envolvidos nos casos. O enterro de Palmerina, que deixa 16 filhos, 30 netos e 10 bisnetos, será nesta terça-feira às 10h no cemitério de Vila Rosali.

Primeira Edição © 2011