Otimismo leva à leveza e à autoestima

Pessimismo extrai o ânimo e gera doenças

08/10/2012 15:23

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É fato, no senso comum, que há pessoas otimistas e pessimistas, avaliadas assim a partir do comportamento que apresentam. No primeiro caso, eles são mais positivos e esperançosos; no segundo, negativos e pautados pelo desânimo.

“No âmbito da psicologia, tais características têm relação com a capacidade de lidar com os instintos de vida e de morte presentes na psique humana”, explica Cristiane Moraes Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), certificada em coaching pela ASTD, nos Estados Unidos.

Segundo a teoria psicanalítica, o homem carrega, dentro de sua estrutura emocional, estas duas forças – pulsões ou instintos –, havendo uma ambivalência nas dobradinhas alegria e tristeza, amor e ódio, afeto e agressividade.

"Então, na perspectiva clínica, o otimista teria maior predominância de instintos de vida e o pessimista de instintos de morte. Ambos ficam fora do campo da consciência em um primeiro momento, e são estimulados de acordo com as questões culturais, sociais e familiares.”

Além dos pulsões de vida e de morte, há que se considerar outros fatores, como os fisiológicos: os níveis de hormônios que regulam o humor, por exemplo. A cultura também conta: nas muito rígidas, como as japonesas, a vida é encarada com seriedade e rigor, o que leva a um alto índice de suicídios – e nos mostra a pressão psíquica que gera comportamentos autodestrutivos.

“A questão ambiental igualmente tem sua parcela de responsabilidade, como as relações no meio familiar, principalmente as primeiras, com pai e mãe”, salienta Cristiane Pertusi.

Não há como negar: o otimista vê o horizonte com mais leveza e, na maioria das vezes, tem mais coragem para enfrentar as dificuldades, criando e percebendo possibilidades para melhorar sua vida. “Eles acreditam mais, aprendem com os problemas e experiências ruins, tendem a levar uma vida mais saudável e, logo, ficam menos doentes”, acredita Regiane Machado, psicóloga clínica formada pela Universidade Católica de Santos.

Cérebro produz boas mensagens

Mas será que o otimismo, e o seu oposto, perduram pela vida afora? De uma maneira geral, sim. Indivíduos com comportamentos "para cima" acumulam experiências positivas desde a infância, assim como maior autoestima. “Muito provavelmente tiveram, no contato com pais e cuidadores, estímulos para uma postura feliz. Internamente, sua psique e seu processo cerebral estão mais habituados a produzir mensagens positivas”, observa Cristiane Pertusi.

E não é só isso: o otimista saudável apresenta mais condições de perceber o mundo e suas relações de maneira inteira e realista, sem distorcer o horizonte, assim como dispõe de um suporte maior para lidar com as vicissitudes sem se sentir derrotado.

O pessimismo, por outro lado, dependendo da dimensão, pode trazer prejuízos até físicos, causando depressão e doenças psicossomáticas ou autoimunes.

“É possível que provoque alterações bioquímicas nas células corporais. Além da baixa autoestima, a pessoa não se respeita, tem uma autoimagem distorcida, dificuldades de relacionamento e, consequentemente, uma vida social limitada e que não a satisfaz”, analisa Regiane Machado, enfatizando a necessidade de cautela em ambos os perfis se os mesmos forem extremados.

“Enquanto o pessimista tende a ver e vivenciar o negativo, o otimista pode vislumbrar tudo cor-de-rosa e não perceber alguns riscos no dia-a-dia.” 

Primeira Edição © 2011