“Garota de Ipanema” faz 50 anos como segunda canção mais tocada da História

Artistas e produtores musicais comentam a importância da música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes na MPB

29/09/2012 06:35

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Garota de Ipanema” está completando 50 anos. E se mantém na boca do povo. De acordo com a editora do grupo Universal, é a segunda canção mais executada da história, atrás de “Yesterday”, dos Beatles, de 1965. A música continua tão atual que, só neste ano, foi executada na série “Mad men” e em campanhas da Nike e da Calvin Klein.

Alguns dizem que a letra foi composta na mesa do bar Veloso na orla da zona sul carioca, enquanto Tom Jobim e Vinicius de Moraes viam Helô Pinheiro, a verdadeira “Garota de Ipanema” ir a caminho do mar. Outros estudiosos musicais, entretanto, contam que Vinicius escreveu a letra em Petrópolis, em sua casa, para a melodia que Tom compôs em seu apartamento na Rua Barão da Torre, em Ipanema.

Para Nana Caymmi, que já cantou a letra em vários de seus shows, foi a perseverança de Tom em buscar o primor técnico de suas composições que alavancou a música para o mundo. “Tom queria viver da música, tinha aquele dom. Ele nunca imaginou que seria esse sucesso todo, estava na batalha, com dois filhos para sustentar, novinho, ia para gravadora fazer arranjo para ‘n’ tipos de música, era um observador, uma pessoa que gostava de clássicos, de ouvir, de se cercar de gente com qualidade musical. Deu nisso”, diz.

Quando lançou o livro “Noites tropicais”, sobre os bastidores da música brasileira na segunda metade do último século, o produtor Nelson Motta listou, junto com “Ponteio” de Edu Lobo e “Apesar de Você” de Chico Buarque, “Garota de Ipanema” como uma das canções imprescindíveis para se compreender os movimentos artísticos do País. Helô Pinheiro, musa inspiradora da canção, assídua frequentadora do famoso bairro carioca nos anos sessenta, atualmente mora em São Paulo. Nem por isso abandonou suas raízes. “Ipanema não sai de mim. É uma música que mata a saudade de uma época”, afirma.

A música ganhou o mundo de vez em 1967, quando Frank Sinatra ligou para Tom Jobim, que atendeu ao telefone no próprio Bar Veloso, e o convidou para gravar “Garota de Ipanema”. A voz de Sinatra fez com que a canção chegasse ao resto do mundo.

Para o produtor e crítico musical Ricardo Cravo Albim, “Garota de Ipanema” está acima de qualquer explicação baseada em dados concretos. “Certos destinos de músicas, assim como o destino de pessoas, não se explica. É porque é. Não há uma explicação razoável. Tom e Vinícius têm inúmeras músicas que poderiam merecer esse tipo de glória, mas por uma série de contingências ‘Garota’ foi a que recebeu essa primazia entre todas as outras. Essa permanência é que distingue o sucesso passageiro do sucesso eterno. O sucesso eterno se cristaliza quando consegue pelo menos 20 ou 30 anos. Mas com 50 anos realmente é o melhor atestado de perpetuidade”, diz Ricardo.

Primeira Edição © 2011