"Dia do Amor" tem confronto da polícia com manifestantes no Paquistão

21/09/2012 06:17

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Reuters

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Manifestantes e policiais entraram em confronto na sexta-feira em Peshawar, no Paquistão, em mais um incidente relacionado aos insultos contra o profeta Maomé, apesar dos apelos de líderes políticos e religiosos de todo o mundo islâmico para que os protestos fossem pacíficos.

Missões diplomáticas ocidentais em todo o mundo muçulmano reforçaram sua segurança, e algumas fecharam as portas, na expectativa de grandes protestos depois das preces de sexta-feira.

Um filme anti-islâmico feito nos EUA tem causado violentos protestos nos últimos dias em dezenas de países, e caricaturas do profeta Maomé publicadas na quarta-feira, e repetidas nesta sexta, na França devem inflamar ainda mais a situação.

A principal autoridade judicial islâmica do Egito disse na quinta-feira que os muçulmanos deveriam seguir o exemplo do profeta Maomé e tolerar os insultos sem retaliar. Mas outras autoridades foram menos comedidas.

"Um ataque ao profeta Maomé é um ataque a todos os 1,5 bilhão de muçulmanos. Portanto, é algo inaceitável", disse o primeiro-ministro paquistanês, Raja Pervez Ashraf, em discurso a políticos, líderes religiosos e outros.

O Paquistão declarou que a sexta-feira seria o "Dia do Amor pelo profeta Maomé". Críticos do impopular governo acusaram-no de estar fazendo demagogia para os partidos islâmicos.

Em Peshawar, manifestantes incendiaram dois cinemas e enfrentaram a tropa de choque da polícia, que tentou dispersá-los com gás lacrimogêneo. Pelo menos cinco manifestantes ficaram feridos, segundo um médico do principal hospital local. A TV ARY disse que um funcionário seu foi morto.

Perto de Islamabad, a capital, manifestantes incendiaram uma cabine de pedágio. Na véspera, cerca de mil pessoas já haviam entrado em confronto com a polícia ao tentarem invadir a embaixada dos EUA.

Tentando esvaziar os protestos, o governo desativou serviços de telefonia celular em mais de uma dúzia de cidades.

A embaixada dos EUA no Paquistão colocou no ar anúncios de TV, num dos quais a secretária de Estado Hillary Clinton diz que o governo não tem nada a ver com o filme anti-islâmico difundido pela internet.

As embaixadas dos EUA e da França fecharam na sexta-feira em Jacarta, capital da Indonésia, mais populoso país islâmico do mundo. As missões diplomáticas também fecharam em Cabul, no Afeganistão, onde a polícia disse estar em contato com líderes religiosos e comunitários para tentar evitar a violência.

"Há alguns manifestantes irritados que vão estimular as pessoas à violência", disse à Reuters o comandante policial Mohammad Zahir. "Haverá também influência do Taliban em manifestações, e eles podem atacar as embaixadas dos EUA e de outros."

Cerca de 10 mil manifestantes islâmicos se reuniram após as preces da sexta-feira em Daca, capital de Bangladesh, entoando slogans contra os EUA e a França. Eles queimaram as bandeiras desses países, e uma foto do presidente dos EUA, Barack Obama.

As caricaturas publicadas nesta semana na revista Charlie Hebdo provocaram relativamente poucos protestos nas ruas, embora cerca de cem iranianos tenham feito uma manifestação em frente à embaixada da França em Teerã.

Primeira Edição © 2011