Mestre Pancho integra a quarta geração da trajetória do Fandango do Pontal da Barra

Ronaldo da Costa comanda o folguedo há mais de quatro décadas; fandango é um folguedo popular de influência portuguesa

30/08/2012 15:33

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Agência Alagoas

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Ronaldo da Costa é o herdeiro de uma tradição. No comando do Fandango do Pontal da Barra, há mais de quatro décadas, o “Mestre Pancho”, como é conhecido, faz parte da quarta geração de mestres do folguedo, formado originalmente na comunidade em 1930.

O fandango é um folguedo popular de influência portuguesa, onde os figurantes cantam a trajetória de uma nau catarineta (antigo navio de guerra) perdida no mar, relatando suas aventuras. Os personagens são trajados com fardamento que faz alusão à Marinha e entoam canções, sob o comando de voz do mestre.

O grupo de 33 integrantes, todos moradores do Pontal, é guiado pelo mestre Pancho, que recebeu do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Cultura, o certificado do Registro de Patrimônio Vivo, na última terça-feira (28).

Saudoso, ele conta o começo de sua trajetória, relembrando os ensinamentos deixados pelo pai, mestre Isaldino. “A primeira vez que brinquei no fandango foi com 13 anos, como marujo e desde então, sempre participei. Com o falecimento do meu pai, fui convidado pelos moradores daqui para dar continuidade à brincadeira”, afirmou.

“Meu pai sempre me dizia para eu nunca deixar o fandango. É uma diversão, eu me sinto satisfeito de continuar, assim como ele, essa tradição aqui do Pontal. Se depender de mim, o fandango nunca irá se acabar”, disse.

O mestre conta que a princípio, o Fandago era restrito aos homens, porém quando ele assumiu, passou a incluir as mulheres da comunidade. “Foi comigo que as mulheres começaram a brincar no fandango. Assim como trabalham as mulheres na Marinha, temos que seguir o exemplo”, explica o mestre.

Fazem parte do repertório do fandango 29 músicas de domínio público que relatam partidas e chegadas, religiosidade, com pedidos feitos pela tripulação aos santos e às histórias dos que se perderam e que sonham em encontrar terra firme. Entres as figuras que representam o folguedo, estão: almirante, contramestre, capitão de mar e guerra, capitão piloto e demais marinheiros.

O grupo de brincantes ensaia aos sábados e se apresenta em escolas e festas de padroeiros de Maceió. A principal apresentação ocorre no período natalino no próprio Pontal, em uma praça construída nos moldes de uma embarcação, tamanha é a tradição do folguedo no local. “Quando o fandango se apresenta nas comunidades, homenageamos o padroeiro da festa, adaptando a parte em que são exaltados os santos nas canções”, explica o mestre.

Os moradores do Pontal se envolvem na brincadeira. “Para eles, o fandango faz parte da identidade cultural do nosso bairro”, conta o mestre, comemorando também a adesão familiar. Sua filha mais velha está produzindo uma pesquisa sobre o fandango, como trabalho de conclusão de curso superior. Ele diz que é a adesão espontânea que o faz levar o barco adiante. 

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