Segundo fracasso de Mano faz seleção 'voltar à prancheta' na luta por Copa

Sem as eliminatórias para a Copa do Mundo, a seleção tem poucas oportunidades

11/08/2012 19:30

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A derrota do Brasil para o México neste sábado na final do futebol masculino em Londres 2012 marcou o segundo grande fracasso da seleção brasileira no seu planejamento de longo prazo para tentar ganhar a Copa do Mundo de 2014 diante da própria torcida.

Como o Brasil não precisa jogar as eliminatórias para a Copa do Mundo, a seleção tem poucas oportunidades de disputar torneios competitivos no seu preparo para o Mundial de 2014.

Nos quatro anos entre cada Copa, o Brasil tem apenas um grande campeonato por ano, onde o técnico Mano Menezes pode convocar os melhores jogadores da atualidade e tentar formar uma equipe competitiva.

Em 2011, o grande teste da seleção foi a Copa América, onde a equipe de Mano Menezes caiu para o Paraguai nas quartas-de-final. Neste sábado, com uma seleção montada principalmente com jogadores de até 23 anos, o Brasil conseguiu avançar à final, mas com um futebol pouco inspirado em Wembley acabou derrotado e sem conseguir o inédito título olímpico.

O Brasil terá só mais uma oportunidade de disputar uma grande competição antes da Copa. Em junho do próximo ano, a seleção jogará a Copa das Confederações contra times campeões dos torneios continentais.

Até lá, o técnico Mano Menezes e a CBF voltarão à prancheta para reformular mais uma vez a seleção, que diante do México mostrou erros, nervosismo e pouca capacidade de reação.

'Era Mano'

Com o final da "Era Dunga", após a eliminação na Copa do Mundo de 2010, Mano Menezes foi chamado para renovar a seleção brasileira com uma geração de jovens talentos. Há exatamente dois anos e um dia, a nova seleção de Mano - sob a liderança de Neymar e Ganso - estreou com um futebol bonito e uma vitória por 2 a 0 em um amistoso contra os Estados Unidos.

Nos últimos dois anos, parte da geração anterior foi praticamente aposentada da seleção, como no caso de Kaká, Lúcio e Luis Fabiano. Outros - como Robinho, Júlio César, Thiago Silva e Daniel Alves - precisaram se esforçar para assegurar suas vagas contra a nova leva de jovens jogadores.

Apesar do bom começo, a renovação não trouxe grandes resultados e nem um futebol bonito. O Brasil acabou eliminado na Copa América de 2011 e teve poucas exibições convincentes nos diversos amistosos que fez no período.

Os Jogos Olímpicos de Londres 2012 eram vistos por Mano Menezes como uma oportunidade de testar jogadores ainda mais jovens que despontaram no futebol brasileiro nos últimos meses, como Leandro Damião, Oscar e Lucas.

O técnico havia dito que 70% da base da seleção que jogará em 2014 estava em Londres 2012.

Nos Jogos Olímpicos, a seleção manteve uma impressionante média de gols até a final - três por partida - e teve em Leandro Damião o goleador do torneio. Mas oscilou entre boas e más apresentações. Venceu com facilidade a Coreia do Sul, Belarus e Nova Zelândia, mas teve grandes dificuldades contra Honduras e o Egito - e na final foi derrotado e dominado pelo México.

Ao final da partida, o técnico brasileiro disse que faltou "algo" na seleção olímpica, e que isso precisará ser corrigido com jogadores mais experientes de agora em diante.

"Nos faltou algo na nossa base de jogadores de até 23 anos. Mas penso que a partir de agora voltando as nossas atenções para a Copa e colocando a seleção brasileira principal em campo, poderemos continuar na nossa evolução rumo a 2014, que é o nosso objetivo principal. Em relação a Olimpíada, nos faltou algo mais uma vez", afirmou, sem especificar.

Ganso

O novo recomeço do Brasil será já na quarta-feira na Suécia, em amistoso contra a seleção da casa. Neste sábado, o técnico confessou que o clima entre os jogadores é difícil depois da derrota para o México, e defendeu que os amistosos após competições importantes sejam revistos no futuro.

O meia Ganso, que esteve no banco de reservas durante toda a competição, pode ser a primeira "vítima" da campanha de prata em Londres 2012. O jogador, que passou os últimos dois anos como "dono" da camisa 10 de Mano, assistiu à ascensão do jovem Oscar, que está se firmando como novo titular na posição.

Para piorar a situação, perdeu a confiança do técnico Mano Menezes e foi desconvocado para o amistoso contra a Suécia, em anúncio feito neste sábado poucas horas antes da final contra o México. Mano confirmou que a decisão não teve relação com uma recente lesão, da qual o jogador já se recuperou. O zagueiro Bruno Uvini também foi cortado.

"Ganso não vai viajar para Estocolmo, nem Bruno Uvini. Foi por decisões técnicas. Ele [Ganso] estaria em condição [física] de jogar, como eu disse ontem", afirmou Mano, após a derrota para o México em Wembley.

Pressão e críticas

Algo semelhante havia acontecido com Ronaldinho Gaúcho após Pequim 2008. O meia, hoje no Atlético-MG, não teve um bom desempenho nas Olimpíadas e não foi mais chamado pelo técnico Dunga.

O lateral Rafael e o zagueiro Juan - que foram mal na final contra o México - estão na lista dos convocados para o amistoso contra a Suécia, que foi anunciada durante os Jogos de Londres 2012.

O primeiro amistoso após as Olimpíadas terá a volta de jogadores mais experientes, como Ramires, David Luiz e Jonas.

Além de alguns jogadores novatos, o próprio Mano Menezes também sofre pressões desde a derrota na Copa América.

Apesar do desempenho apenas razoável à frente da seleção desde então, conseguiu sobreviver no cargo depois de toda a reformulação na CBF neste ano, que viu a saída de Ricardo Teixeira após duas décadas no poder e a chegada do novo presidente José Maria Marin.

Neste sábado, ele disse que está pronto para lidar com as críticas que recebeu pelo mau desempenho da seleção diante do México.

"Quanto a mim, penso que quem ocupa este cargo precisa estar preparado para isso. No Brasil às vezes mesmo quando se ganha uma Copa, o técnico não é tão elogiado, imagine quando se perde uma Olimpíada", afirmou.

Primeira Edição © 2011