Salgado não teria participado de empréstimos

Ele é acusado de participar do chamado núcleo financeiro do mensalão, viabilizando empréstimos fraudulentos do Banco Rural

08/08/2012 14:50

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O ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado não teve participação nos empréstimos às empresas de Marcos Valério e nem ao PT, segundo argumentou nesta quarta-feira o advogado Márcio Thomaz Bastos no STF (Supremo Tribunal Federal).

Salgado é acusado de participar do chamado núcleo financeiro do mensalão, viabilizando empréstimos fraudulentos para esconder a origem e o destino ilícito do dinheiro. Salgado responde pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas.

De acordo com Thomaz Bastos, na época dos três empréstimos, tomados em 2003, Salgado ocupava cargo na área internacional do banco e só passou a atuar diretamente no setor de concessão de créditos em 2004. Ele informou que a pessoa responsável pelas operações em 2003 era o então vice-presidente José Augusto Dumont, que morreu em um acidente de carro em 2004.

Thomaz Bastos disse que o único papel de seu cliente foi renegociar a dívida com as empresas de Valério, sem colocar dinheiro novo. O advogado informou que as dívidas do empresário ainda não foram pagas porque as agências de publicidade de Marcos Valério faliram assim que o mensalão veio à tona. A dívida de R$ 10 milhões do PT, segundo Thomaz Bastos, foi quitada, enquanto as dívidas de Valério estão sendo executadas na Justiça.

Próximas defesas

Pelo cronograma, farão a sustentação oral, ainda na primeira parte das defesas, os advogados de Vinícius Samarane e Ayanna Tenório. Cada advogado tem até uma hora para falar.

Vinícius Samarane responde por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta. Ayanna Tenório é acusada de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

Em seguida será ouvido o advogado do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e, por fim, o do ex-ministro de Comunicação Luiz Gushiken.

Cronologia

No primeiro dia do julgamento os ministros analisaram uma questão de ordem trazida por três advogados. Eles questionavam o fato de todos os réus estarem sendo julgados pelo STF quando apenas três deles possuem foro privilegiado – os deputados federais Pedro Henry (PP-MT), João Paulo Cunha (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Nove dos 11 ministros presentes no julgamento votaram contra o desmembramento do processo.

Por causa da análise da questão de ordem, o julgamento ficou um dia atrasado e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que faria a acusação no primeiro dia do julgamento, precisou fazer no segundo. Gurgel pediu a condenação de 36 dos 38 réus do mensalão.

No terceiro dia do julgamento foram feitas as defesas de José Dirceu de Oliveira e Silva, José Genoíno Neto, Delúbio Soares de Castro, Marcos Valério Fernandes de Souza e Ramon Hollerbach Cardoso.

Arnaldo Malheiros Filho, que defende Delúbio, e Marcelo Leonardo, defensor de Marcos Valério,admitiram a existência de caixa dois para beneficiar a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, pelo PT.

No quarto dia de trabalho dos ministros, foram ouvidas as defesas de Cristiano Mello Paz, empresário e sócio de Marcos Valério de Souza, Rogério Lanza Tolentino, advogado ligado a Marcos Valério, Simone Reis Lobo de Vasconcelos, ex-diretora financeira da empresa de publicidade SMPB, Geiza Dias dos Santos, ex-gerente financeira da SMPB, e Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural.
 

Primeira Edição © 2011