'O Estado errou, reconhece o erro', afirma secretário de Segurança

Em cerimônia de formação de novos PMs, Antônio Pinto declarou que a morte do publicitário Ricardo de Aquino foi absurda; governador Geraldo Alckmin não comentou o caso

20/07/2012 14:36

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Após parabenizar os 920 novos policiais militares formados oficialmente nesta sexta-feira, o governador Geraldo Alckmin afirmou, em referência às duas mortes causadas por PMs na quarta-feira (18), que a "tolerância a qualquer tipo de abuso ou erro [por parte dos policiais] é zero". Alckmin não respondeu mais perguntas sobre os casos do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, enterrado nesta manhã, e do rapaz de 19 anos morto em Santos.

O secretário de Segurança Pública do Estado, Antônio Ferreira Pinto, reconheceu o erro da polícia após a cerimônia realizada no vale do Anhangabaú. "O Estado errou, reconhece o erro e vai ressarcir a família", disse, fazendo referência ao caso do publicitário morto após não obedecer ordem de parar o carro.

De acorodo com o secretário, além dos três policiais presos em flagrante sob acusação de homicídio doloso, o comandante do 23º batalhão também será investigado. Deve ser apurado porque o major responsável pela região do crime permitiu que a força tática agisse com menos homens do que o normal. Uma divisão normalmente atua com quatro oficiais, mas o grupo que abordou o publicitário tinha três PMs.

Na quinta-feira (19), o comandante da Polícia Militar, coronel Hudson Camilli, declarou que a operação não teve nenhum erro técnico. O secretário disse que as declarações foram mal interpretadas. Pinto concordou que tecnicamente não houve erro somente até o momento da abordagem. "O cerco foi correto, mas eles tinham superioridade numérica, deveriam ter dado tiros defensivos, são treinados para isso", declarou. Segundo ele, “uma vida foi ceifada de forma absurda”.

Durante a cerimônia, as três alunas de maior nota da turma, todas mulheres, foram diplomadas pelo governador, pelo secretario de Segurança Pública e pela secretaria de Justiça e Cidadania, Heloísa Arruda, paraninfa da turma.

Nos discursos de homenagem à tropa, os secretários foram enfáticos na importância de proteger a população. Heloísa afirmou a importância de “não cometer desmandos, não empunhar suas armas contra inocentes”. O chefe da Segurança Pública orientou os novos policiais a “não se deixarem contagiar por sentimentos e impulso menos nobres”. Pinto também citou diretamente os casos da última quarta-feira. “Deslizes são punidos exemplarmente. Os últimos acontecimentos evidenciam isso, vários policiais estão recolhidos em presídios”, disse.

Alckmin fez um discurso rápido, parabenizou os formados, mas evitou falar sobre os casos que resultaram nas mortes desta semana e sobre as punições aos policias. O governador se limitou a afirmar que o Estado tem uma das melhores polícias do país, “instituição da qual São Paulo se honra”.

Primeira Edição © 2011