Candidato de Cuiabá é o mais rico nas eleições; confira lista

09/07/2012 15:04

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Terra

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Ao contrário do que muitos podem imaginar, o candidato a prefeito mais milionário das eleições municipais de 2012 não saiu do tradicionalmente rico Sudeste, mas sim do pujante Centro-oeste. No topo da lista está Mauro Mendes (PSB), de Cuiabá (MT), que declarou R$ 116,8 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O concorrente mais que duplicou seu patrimônio em relação em 2010, quando afirmou possuir R$ 57 milhões.

Em terceiro lugar, outro candidato do centro-oeste, o deputado Reinaldo Azambuja (PSDB), postulante em Campo Grande (MS), que declarou R$ 32,6 milhões. Juntos, os candidatos da região ultrapassam a soma dos três candidatos do sudeste que aparecem na lista.

Tentando a reeleição à prefeitura de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB) aparece em segundo lugar, com R$ 58 milhões. A região que possui mais de 50% do PIB nacional aparece mais duas vezes na lista, com os candidatos paulistas Gabriel Chalita (PMDB), com R$ 11,5 milhões, e José Maria Eymael (PSDC), com R$ 4,6 milhões em bens aos 72 anos - o mais velho a entrar na lista.

O levantamento foi realizado pelo Terra com base em dados preliminares do TSE, que divulgou o patrimônio dos candidatos de 18 das 26 capitais brasileiras. Na disputa em Natal, apenas o candidato do PDT, Carlos Eduardo Alves - da famosa família Alves, que possui um histórico na política potiguar - teve suas informações divulgadas. Ele declarou R$ 2,6 milhões.

Os mais jovens a integrar a lista são os deputados Ratinho Jr. (PSC-PR) e ACM Neto (DEM-BA), com 31 e 33 anos, respectivamente. Ratinho Jr. declarou bens avaliados em R$ 7,5 milhões, incluindo participação em quotas nas empresas Grupo Massa de comunicação - detentora de rádios e afiliadas de TV em várias cidades paranaenses, inclusive na capital. ACM Neto, por sua vez, é do clã Magalhães, sobrenome forte no estado. O deputado baiano, porém, apresentou quase o dobro do patrimônio de Ratinho Jr, R$ 13,3 milhões.

Confira a lista dos 10 candidatos mais ricos nas capitais brasileiras, o que fazem e o que declaram como patrimônio:

1° lugar: Mauro Mendes (PSB) - R$ 116,8 milhões
Candidato em Cuiabá (MT)

A fortuna campeã é a de Mauro Mendes, que disputa a prefeitura de Cuiabá (MT) pelo PSB. Segundo o TSE, ele acumula R$116,8 milhões em bens declarados - R$107 milhões deles em ações, majoritariamente da Bipar Investimentos e Participações. Em 2010, Mendes havia declarado R$57 milhões. Mendes também tem R$ 384 mil em previdência privada, um imóvel de R$ 630,3 mil, terrenos que somam quase R$600 mil e uma lancha de R$ 261,5 mil. Ele possui, ainda, R$ 100 mil em quotas na empresa Bimetal Indústria Metalúrgica. A quantia total declarada por ele supera em mais de 100 vezes o patrimônio do segundo candidato mais rico de Cuiabá, o deputado Guilherme Maluf (PSDB), que declarou cerca de R$ 1 milhão.

Natural de Anápolis (GO), Mendes tem 48 anos, é casado, tem ensino superior completo e fez carreira como empresário na área de metalurgia. Recentemente, foi inocentado de acusações de abuso de poder econômico, gasto ilícito de recursos e compra de votos. Segundo o Ministério Público Estadual, ele teria distribuído camisetas e bonés com propaganda eleitoral irregular aos seus cabos eleitorais em 2008.

2° lugar: Marcio Lacerda (PSB) - R$58,8 milhões
Candidato em Belo Horizonte (MG)

Prefeito candidato à reeleição pelo PSB em Belo Horizonte, Lacerda nasceu em Leopoldina (MG), tem 66 anos e afirma ter R$ 58,8 milhões em bens. A maior parte, R$ 35,4 milhões, está em um fundo de investimento. Outros R$ 18,9 milhões vêm da sociedade do prefeito na Macunaíma Participações. No ano passado, a empresa Construtel Tecnologia e Serviços - dirigida por Gabriel Nascimento de Lacerda, filho do prefeito, e controlada pela Macunaíma - foi investigada pela Polícia Federal por um suposto envio ilegal de dinheiro a uma conta de doleiros em Nova York.

A Construtel, especializada na construção de redes de telefonia, foi fundada por Lacerda em 1975. Quatro anos depois, ele criou uma segunda empresa, a Batik, para a produção de equipamentos de telefonia. Bem sucedido, Lacerda participou da direção de diversas entidades empresariais.

3° lugar: Reinaldo Azambuja (PSDB) - R$32,6 milhões
Candidato em Campo Grande (MS)

O terceiro candidato a prefeito com mais bens é o tucano Reinaldo Azambuja, de Campo Grande (MS), com R$ 32,6 milhões declarados. Aos 49 anos de idade, o deputado da bancada ruralista tem um apartamento (R$ 350 mil), uma sala comercial (R$ 100 mil), uma casa (R$ 500 mil), terrenos (R$ 240 mil) e mais de dois mil hectares em fazendas, no valor de R$ 22,4 milhões, concentrados principalmente em Maracaju, cidade que governou entre 1996 e 2004. O restante do patrimônio é preenchido por equipamentos agrícolas e caminhões utilizados em suas terras.

Azambuja tem formação incompleta em Administração e faz parte da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), entidade de classe que representa os criadores de gado no Estado.

4° lugar: Carlos Amastha (PP) - R$18 milhões
Candidato em Palmas (TO)

Em Palmas (TO), o candidato Carlos Amastha (PP) declarou R$ 18 milhões. Nascido na Colômbia e naturalizado brasileiro, o empresário tem 51 anos. A maior parte de seu patrimônio provém de quotas na Incorporadora de Shopping Center Capim Dourado, que somam R$ 11 milhões. Ele também possui uma caminhonete Nissan Frontier (R$ 115 mil), terrenos (R$398 mil), ações e outros investimentos (R$ 75 mil), caminhões e carretas (R$66 mil) e R$ 2 milhões em espécie, entre outros bens.

5° lugar: ACM Neto (DEM) - R$13,3 milhões
Candidato em Salvador

O deputado tem 33 anos de idade e um patrimônio de R$ 13,3 milhões - valor mais de cinco vezes maior que o registrado em 2010 (R$ 2,5 milhões). O salto deve-se principalmente à aquisição de quotas na TV Bahia, no total de R$ 9,4 milhões, feita por ele neste ano. Em sua declaração, ainda constam um apartamento de R$ 900 mil, um plano de previdência privada de R$ 879 mil, fundo de investimento de R$ 161 mil, uma aplicação de renda fixa de R$ 576,6 mil, outra de R$ 606,7 mil e uma Land Rover de R$210 mil. ACM é herdeiro da tradicional família baiana Magalhães, do falecido político Antônio Carlos Magalhães, que governou a Bahia por três vezes.

6° lugar: Gabriel Chalita (PMDB) - R$ 11.521 milhões
Candidato em São Paulo (SP)

Professor de ensino superior, Gabriel Chalita nasceu em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo, e tem 43 anos. É escritor de "mais de 60 livros", segundo consta em seu site oficial. É doutor em Filosofia do Direito e em Comunicação e Semiótica, e mestre em direito e em Ciência Sociais. Foi vereador aos 19 anos na cidade natal.

Posteriormente, conseguiu o cargo na Câmara de São Paulo em 2008 e eleito deputado federal em 2010 pelo PSB. Trocou o partido pelo PMDB em maio de 2011, já com a intenção de concorrer à prefeitura.

Metade de seu patrimônio está voltada para investimentos: são R$ 164 mil em depósitos e R$ 4,7 milhões em fundo de investimento. O restante destá dividido em ações (R$ 110 mil), quotas de palestras (R$ 990) e dois apartamentos (um a beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio de Janeiro, avaliado R$ 1,2 milhão, outro em Higienópolis, zona sul de São Paulo, de R$ 5 milhões) e uma BMW (R$ 246 mil).
7° lugar: Ratinho Jr. (PSC) - R$ 7,5 milhões
Candidato em Curitiba (PR)
Filho do apresentador Ratinho, o deputado Carlos Roberto Massa Jr. tem 31 anos e é natural de Jandaia do Sul, no Paraná. Ao TSE, o deputado não declarou imóveis, apenas um terreno avaliado em R$ 1,4 milhão. Possui dois veículos (um Voyage 2009/2010 de R$ 41 mil e uma moto de R$ 23 mil). O restante dos seus bens é dividido em consórcios não contemplados (somados R$ 26 mil), em investimentos financeiros (R$ 30 mil) e R$ 400 mil em espécie. Possui quotas em duas empresas: Grupo Massa, que possui rádios em algumas cidades do Paraná e quatro afiliadas de TV - Curitiba está entre elas. Tem participação também na marca de café em pó, Café no Bule.

8° lugar: José Maria Eymael (PSDC) - R$ 4,6 milhões
Candidato em São Paulo (SP)

Natural de Porto Alegre, Eymael tem 72 anos e é figurinha carimbada em todas as eleições, sejam elas presidenciais ou regionais. A primeira vez foi à prefeitura de São Paulo, em 1985. Nos anos que se seguiram, foi eleito duas vezes deputado federal. É empresário, e um dos fundadores da Grunase, empresa de relações públicas. Em sua relação de bens constam quatro imóveis, dois terrenos, quatro veículos e duas embarcações. Na lista, o candidato que costuma chegar a apenas 1% das intenções de votos declarou joias - avaliadas em R$ 4 mil - e participação em ações nas empresas Vivo e Brasil Telecom, além de créditos a receber de empréstimos (R$ 993 mil) e investimentos financeiros (R$ 1,9 milhão).

9° lugar: Telmário Mota (PDT) - R$ 3,3 milhões
Candidato em Boa Vista (RR)

O vereador de 54 anos, natural de Boa Vista, fez uma lista pequena de bens para o TSE: duas motos e dois carros (entre eles, uma Kombi no valor de R$ 30 mil). O gosto de Telmário pelo campo rende seu maior bem, um imóvel rural avaliado em R$ 3 milhões, e um casal de cavalos (R$ 200 mil).

Segundo informações da Câmara Municipal de Boa Vista, Telmário é formado em Economia e chegou pela primeira vez em 2007, como suplente. É o criador do Dia da Marcha para Jesus na capital do Estado.

10° lugar: Carlos Eduardo Alves (PDT) - R$ 2,6 milhões
Candidato por Natal (RN)

O advogado faz parte do clã Alves, família que tem longa história na política no Rio Grande do Norte e tradição na área de comunicação - são jornais, rádios e afiliadas de TV no nome de algum Alves. Carlos Eduardo possui participação em uma delas, a rádio Trampolim da Vitória FM, do primo e atual ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho.

Ex-prefeito da capital, o advogado declarou um apartamento no condomínio residencial Enseada dos Corais, em Natal, financiado pela Caixa Econômica Federal - segundo a relação de bens, no valor de 359 mil -, uma casa em Tirol, bairro da zona leste de Natal (R$ 300 mil), um terreno (R$ 350 mil) e dois veículos (cerca de R$ 130 mil cada um). Além da rádio, possui participação no capital social da empresa Posto Cohabinal.

Primeira Edição © 2011