Viúva de Arafat autoriza exumar corpo após suspeita de envenenamento

Ex-líder morreu repentinamente logo após cerco israelense ao quartel general da Autoridade Nacional Palestina em 2004.

04/07/2012 13:14

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G1

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A viúva de Yasser Arafat, Suha Arafat, autorizou a exumação do corpo do líder palestino, morto em 2004, após a divulgação de um estudo indicando resíduos da substância tóxica polônio em suas roupas.

Suha Arafat, que mora atualmente na ilha de Malta, no Mar Mediterrâneo, também pediu que seja feita uma autópsia para verificar se há indícios do material químico nos restos mortais de seu marido.

A decisão da viúva de Arafat ocorre um dia depois de a rede de TV Al Jazeera, sediada no Catar, ter publicado um estudo indicando que a substância radioativa e altamente tóxica foi encontrada em objetos que Arafat usava na época em que ficou doente, inclusive sua escova de dentes.

O estudo, realizado pelo Instituto Suíço de Radiofísica, indica 'níveis anormais do elemento raro e radioativo denominado polônio'.

Segundo o cientista do instituto, François Bochud, o estudo revelou 'uma quantidade não explicada e elevada de polônio-210'.

Nesta quarta feira, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) disse à agencia de notícias palestina Maan que aceitou exumar o corpo de Arafat do local onde ele está enterrado, o complexo de ANP, em Ramallah, na Cisjordânia.

A ANP também informou que realizará uma investigação internacional para tentar esclarecer o mistério sobre a morte do ex-líder palestino.

Morte

Yasser Arafat, fundador do movimento Fatah e líder da Organização de Libertação da Palestina (OLP), é considerado o principal símbolo da luta nacional dos territórios autônomos pela criação de um Estado independente.

Em outubro de 2004, quando se encontrava sitiado pelo Exército israelense no quartel general da Autoridade Nacional Palestina em Ramallah, Arafat ficou gravemente doente de forma repentina.

As causas de sua morte, que ocorreu no dia 11 de novembro de 2004 em um hospital francês, não foram explicadas até hoje.

Houve suposições e rumores de que ele sofria de câncer, cirrose ou Aids, mas nenhuma das hipóteses foi provada.

Com a descoberta dos resíduos de polônio em seus pertences, ressurge a suspeita de que o líder palestino teria sido vítima de um assassinato.

Exame

De acordo com o instituto suíço, para comprovar que o envenenamento com polônio foi a causa da morte do líder palestino, seria necessário verificar se a substância se encontra em seus ossos ou na terra que encobriu o corpo.

O instituto também afirmou que os exames devem ser feitos rapidamente, pois, com o tempo o polônio desaparece.

A exumação do corpo, entretanto, não depende apenas da autorização da ANP, que já foi dada, mas também da permissão de Israel, que controla as fronteiras da Cisjordânia, para transferir as amostras retiradas do local para o laboratório na Suíça.

A substância polônio é a mesma que matou o ex-espião russo, Alexander Litvinenko, morto em Londres em 2006, após beber chá envenenado.

Suha Arafat, que forneceu os objetos de seu marido aos exames do instituto suíço, disse à Al Jazeera que 'pelo menos fiz algo para demonstrar que sua morte não foi natural, mas, sim, decorrência de um crime'.

De acordo com a rede de TV árabe, o polônio só consegue ser produzido a partir de um reator nuclear, uma vez que se trata de um elemento raro e de difícil fabricação.

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