Cabral confirma morte de mulher após incêndio no Pedro Ernesto

Governador disse que vítima tinha fibrose pulmonar e inalou muita fumaça. Bombeiros ainda combatem pequenos focos de incêndio na unidade.

04/07/2012 13:27

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G1

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O governador Sérgio Cabral informou que uma mulher morreu após inalar muita fumaça no incêndio que atingiu o Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, na manhã desta quarta-feira (4). A vítima, que foi identificada oficialmente como Edenir Pereira, de 65 anos, tinha fibrose pulmonar e já estava em estágio terminal, segundo Cabral.

"Infelizmente, tivemos o óbito de uma pessoa que estava numa fase muito difícil. Evidentemente, a fumaça contribuiu para o óbito acontecer", disse o governador.

Já o diretor do hospital, Rodolfo Acatalassu, disse que a paciente tinha um problema grave de pulmão e que a inalação de fumaça é uma das possibilidades para a morte da mulher. As circunstâncias da morte da paciente serão apuradas.

"Ela tinha uma doença pulmonar avançada, que evoluiu para uma parada cardíaca, provavelmente por causa da inalação de fuligem", disse o diretor, informando que a família já autorizou a realização da necrópsia para saber a causa do óbito.

O governador também relatou que dará total apoio para a recuperação da unidade e que, após o término da perícia, vai liberar recursos para a obra de recuperação.

"Uma pena que isso tenha acontecido em uma semana como essa. Todos os hospitais universitários estavam sendo alvo de matérias negativas [por causa da greve], menos o Pedro Ernesto, que é o com o melhor atendimento. O que aconteceu hoje foi lamentável", disse o governador, que está no local do incêndio nesta manhã.

O secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, confirmou que 11 pacientes foram transferidos para outras unidades. Segundo ele, eram sete crianças que estavam na UTI Neonatal e quatro adultos que faziam quimioterapia. Entre as unidades que receberam pacientes transferidos, o secretário citou o Hospital dos Servidores, no Centro do Rio, e a Maternidade Escola da UFRJ, em Laranjeiras, na Zona Sul.

Fogo em almoxarifado

O fogo começou no prédio anexo onde funciona o almoxarifado e foi visto à distância (veja vídeo acima). Por causa do incêndio, as consultas previstas para esta quarta-feira foram suspensas. A remarcação das consultas programadas para esta quarta-feira será realizada a partir desta quinta-feira (5).

O prédio incendiado, informou a assessoria, era uma construção nova, inaugurada há cerca de um ano. O fogo destruiu todo o material do hospital - medicamentos e materiais, como luvas e seringas. 

Seguranças do hospital convocaram parentes dos pacientes internados para uma reunião na quadra da unidade. A visitação de parentes aos pacientes internados será liberada às 15h.
A Secretaria estadual de Saúde informou que vai montar nesta quarta-feira, um hospital de campanha para dar suporte ao Hospital Pedro Ernesto após o incêndio. A última vez que o Hospital de Campanha foi montado foi em janeiro deste ano, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, após as chuvas que atingiram a região. Essa unidade já foi utilizada em grandes tragédias, como a chuva que assolou a Região Serrana no início de 2011 e o desabamento do Morro do Bumba, em Niterói, na Região Metropolitana.

Controlado

O incêndio foi controlado por volta das 7h10 desta quarta-feira pelo Corpo de Bombeiros. No entanto, segundo a corporação, por volta das 8h20, as equipes ainda combatiam alguns pequenos focos no interior da unidade. De acordo com os bombeiros, a fumaça atingiu o quarto e o quinto andar, onde funcionam as enfermarias de cardiologia e neurologia.

Segundo a assessoria do hospital, a fumaça também chegou às enfermarias de nefrologia, cirurgia plástica e torácica, oftalmologia, ortopedia e hemodiálise.

Cerca de cem pacientes tiveram de ser transferidos de enfermaria, segundo a assessoria da unidade. O Hospital Pedro Ernesto tem atualmente cerca de 350 pacientes internadados.
Oitenta bombeiros de nove quartéis - Vila Isabel, Benfica, Tijuca, São Cristóvão, Caju, Central, Irajá, Nova Iguaçu e do Centro de Suprimento e Manutenção de Abastecimento e Lubrificação - foram acionados.

De acordo com os bombeiros, a fumaça pôde ser vista do Alto da Boa Vista. O hospital foi fechado e os funcionários que chegavam no início desta manhã ficaram do lado de fora, onde acompanharam o trabalho dos militares. A todo momento, parentes de pacientes chegavam nervosos em busca de informações.

Pacientes foram retirados da unidade por medida de segurança. Algum deles foram removidos com a ajuda da escada magirus do Corpo de Bombeiros, outros foram atendidos do lado de fora. Por volta das 7h, houve um tumulto envolvendo pacientes e funcionários do hospital que buscavam informações e atendimento. Segundo a unidade, apenas os funcionários do hospital foram autorizados a entrar. Policiais militares reforçaram a segurança no local.

Uma mulher, que não quis se identificar, estava nervosa e chorando muito do lado de fora do hospital porque, segundo ela, a afilhada dela foi operada e ela não conseguia informações sobre a menina. Uma das pacientes que acompanhou o combate às chamas foi Cleide Torres Costas, que pelo menos uma vez por semana precisa fazer exames e consulta.
"Eu fiz transplante de rins há três meses e há dois anos já faço tratamento aqui no hospital. Após a cirurgia tenho que vir aqui pelom menos uma vez por semana para fazer exames pela manhã e consulta à tarde. A única informação que me deram é que eu deveria aguardar para saber se vai ter a consulta às 13h", disse ela.

Trânsito interditado

O Centro de Operações informou que a pista da esquerda da Rua Professor Manuel de Abreu foi interditada. A pista da direita da Rua Professor Manuel de Abreu foi a opção para quem seguia para o Centro. Também foi interditada a pista da esquerda do Boulevard 28 de Setembro, na altura da Rua Felipe Camarão. Neste trecho, a opção é a pista da direita.
Para o trabalho dos bombeiros, foi suspensa a reversível que funciona na Rua Professor Manuel de Abreu desde as 6h30. Agentes da CET-Rio auxiliam motoristas na região.

Este não é o primeiro incêndio em hospitais do Rio. Em outubro de 2010 um grande incêndio destruiu as instalações do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste. A unidade ficou fechada por mais de um ano para ser recuperada e foi reaberta recentemente.

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