Com CPI desfalcada, relator mira campanha eleitoral de Perillo

Expectativa é que dois dos três depoentes ligados ao governador tucano não se manifestem em sessão desta quarta-feira

27/06/2012 05:22

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iG

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O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG) deve manter, esta quarta-feira, fogo cerrado sobre o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O foco será a suspeita de que o tucano tenha usado recursos do esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para pagar contas de sua campanha eleitoral em 2010.

“A questão será verificar como a organização criminosa de Cachoeira se apropriou de financiamento ilegal de campanha para ocupar lugar de destaque em Goiás”, afirma Cunha ao iG. O relator espera se fiar no depoimento do radialista Luiz Carlos Bordoni, que prestou serviços de publicidade a Perillo no último pleito.

Bordoni sustenta ter recebido o pagamento pelo trabalho da empresa fantasma Alberto & Pantoja, ligada ao esquema de Cachoeira. Segundo ele, a empresa depositou R$ 45 mil na conta de sua filha, Bruna Bordoni, em abril de 2011. “A expectativa é que Bordoni diga o porquê de sua filha ter recebido dinheiro da organização de Cachoeira”, destaca o relator.

Na sessão de ontem, Cunha acusou Perillo, em meio à discussão com deputado da oposição, de ter se associado à rede criminosa do contraventor. “Quem deveria combater a contravenção em Goiás se associou a ela”, acusou o petista. “Sentou nessa cadeira aqui e o chamou de empresário”.

Além de Bordoni, estão previstos os depoimentos de Jayme Eduardo Rincón, ex-tesoureiro da campanha de Perillo, e Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador tucano. Porém, nenhum dos dois - que já haviam sido convocados para depor na CPI - deve se manifestar na sessão desta quarta.

Presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Rincón voltou a apresentar atestado médico pedindo dispensa do depoimento, alegando ter sofrido recentemente um aneurisma cerebral. O suposto problema de saúde de Rincón, contudo, foi questionado ontem pela deputada Íris de Araújo (PMDB-GO).

“(Ele) disse que tinha um aneurisma, mas continua trabalhando, prestando serviço lá na Secretaria em Goiás, inclusive dando entrevistas a vários jornais”, afirma. Já Eliane, que na primeira convocação alegou ter sofrido um colapso nervoso e obteve habeas corpus para ficar em silêncio, deve usar a decisão Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar o depoimento.

A ex-chefe de gabinete do governador pediu demissão, no início de abril, após interceptações telefônicas da Polícia Federal revelarem que ela trocou mensagens e telefonemas com Cachoeira. A investigação também aponta que ela foi presenteada com um aparelho celular criptografado para falar com o bicheiro.

Primeira Edição © 2011