Artesãos alagoanos comemoram participação na Rio+20

21/06/2012 15:38

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Alagoasweb

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A caminho de Alagoas, os artesãos que levaram os mais diversos tipos de objetos para expor na RIO+20 comemoram vendas, divulgação e oportunidade de participar do evento que propõem práticas mais conscientes aos povos de todo o mundo. Organizado pelos postos avançados da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) em parceria com o Instituto do Meio Ambiente (IMA), o grupo expôs entre os dias 17 e 20 na Cúpula dos Povos e volta ao estado com novas perspectivas.

Os artesãos representam grupos e associações de cinco diferentes lugares: Pontal do Coruripe, Feliz Deserto – sede do município e povoado Pontes, União dos Palmares – povoado Jacinto, Teotônio Vilela e São Luiz dos Quitunde. “Esse é um evento maravilhoso, uma oportunidade da gente mostrar nosso trabalho e incentivar as pessoas a manter o ambiente limpo, valorizar o que é reciclável. Mostra a preocupação com as florestas e com os rios”, explica Daniela Bispo dos Santos Melo.

Artesã do povoado Pontes, em Feliz Deserto, ela considera que “mora muito afastado de tudo”, mas reconhece que produzir objetos a partir de sacos de sementes e bagaços de cana, doados pela Usina Coruripe “é importante porque além de gerar uma renda que antes não se tinha, recicla o que iria virar lixo”. Daniela representa a associação nascida da oficina de papel artesanal, formada por 16 mulheres. Os 17 integrantes da Associação dos Artesãos de Feliz Deserto também enviaram objetos produzidos a partir da palha da taboa.

Ela não é a única a pensar dessa maneira, Geovane Gomes diz que o “mais importante é romper fronteiras e mostrar que estamos contribuindo com a sobrevivência do planeta”. Ele é o único homem da Associação das Artesãs do Povoado Jacinto, em união dos Palmares, próximo a Serra da Barriga, formada com mais 16 mulheres. Todas enviaram objetos produzidos com folha da bananeira.

A maioria das 23 mulheres que formam a Associação das Artesãs do Pontal do Coruripe enviou belos objetos produzidos com a fibra da Palmeira Ouricuri. A artesã Maria José de Souza chamou a atenção das pessoas que circulavam no local enquanto tecia, dava vida aos objetos. “É importante porque estamos participando e divulgando, recebemos até encomendas. Mas, pelo que eu vejo esse evento é um tipo de alerta sobre o meio ambiente e a sustentabilidade”, comentou.

Os únicos a enviar artesanato, mas que não sobrevivem desse tipo de trabalho foram as 16 crianças, com idades entre 09 e 14 anos, do município de Teotônio Vilela, que utilizam cabaças e massa de biscuit para dar forma a bonecas e outros objetos. A professora Maria Gisélia conta que todos produziram para enviar e que a atividade é incentivada pelo projeto Recor. “Eles passaram um mês produzindo com muito entusiasmo e animação. Eles queriam participar da viagem, mas por conta da idade e da distância isso não foi possível”, disse.

O grupo viajou no ônibus do IMA, com representantes do Instituto. “Temos que apoiar esse tipo de ação, porque não trabalhamos apenas com punição para quem não cumpre a legislação ambiental, mas também com as ações de educação ambiental que é uma das mais importantes ferramentas para modificar alguma coisa”, comenta Adriano Augusto, diretor-presidente do IMA.

“Acho que o maior aprendizado é a sustentabilidade. Queria mostrar o trabalho dos artesãos, mas também ganhar conhecimento”, diz Antonio Santos da Silva que levou artesanato produzido por 16 pessoas de Porto de Pedras e duas de São Luiz do Quitunde. Ele conta que vendeu mais de 90% dos produtos, mas que a diferença é a “troca de cultura e o desenvolvimento mental”.
 

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