Espanha deixa Barça x Real para trás e enfrenta Croácia para ‘ajudar’ a Itália

Polêmicas em torno da convivência entre ‘rivais’ nos clubes são ignoradas. Empate a partir de 2 a 2 elimina Azzurra, que pega a eliminada Irlanda

18/06/2012 07:34

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Globo Esporte

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Dos 23 jogadores da Espanha na Eurocopa 2012, sete defendem o Barcelona e cinco são do Real Madrid. Donos de uma das maiores rivalidades do planeta, os 12 passaram toda a temporada de clubes em um clima pouco amigável, com confrontos decisivos e sempre carregados de tensão e polêmica. Mas, por ora, tiveram de deixar as diferenças de lado em prol da seleção espanhola, que enfrenta nesta segunda-feira a Croácia, em Gdansk, pela última rodada do Grupo C. A Itália pega a Irlanda, em Poznan.

O objetivo primordial é seguir no topo e ir às quartas de final em teórica vantagem, embora uma vitória possa também dar aquela ajuda que a Itália precisa para não ser eliminada em nova fase de grupos e repetir o vexame da Copa do Mundo de 2010. Neste caso, bastaria um triunfo simples da Azzurra sobre a Irlanda. Um empate a partir de 2 a 2 entre croatas e espanhóis, no entanto, já deixa os italianos fora por conta dos critérios de desempate (gols marcados nos confrontos diretos. Clique aqui e confira a situação) – a possibilidade de um “arranjo” foi descartada na véspera.

Fúria em atritos

Não se pode negar que alguns atritos marcaram a convivência entre os atletas de Real e Barça. Logo no primeiro dia de entrevistas coletivas em Gniewino, uma jornalista teve de mudar a sua pergunta a pedido da assessoria da seleção para não atrelar a polêmica à concentração. Nomes mais calejados como Xavi e o capitão Casillas, no entanto, admitiram as desavenças em um passado não tão distante.

– Se a Eurocopa tivesse sido em 2011 teria sido um problema, mas agora damos risada. Essa tensão foi esquecida, temos que tirar o lado positivo. Viramos a página – disse o goleiro do Real Madrid na última semana. Dias antes, o meia do Barça havia declarado que não recebia os parabéns do rival quando conquistava títulos. Iniesta, Busquets, Piqué e Arbeloa foram outros a se manifestarem sem maiores problemas.

Em campo, a Fúria precisa de outra boa apresentação para mostrar que o empate com a Itália, na estreia, foi uma exceção. Apesar de qualquer igualdade já classificar a equipe e de a Croácia ser notoriamente um time melhor que a Irlanda, ninguém quer depender de outro resultado para encerrar a chave em primeiro.

– Temos um rival como a Croácia, que necessita ganhar. Vimos vários vídeos sobre eles, como jogam. Acho que temos chances, mas temos que saber respeitar o rival e que pode acontecer o mesmo que aconteceu com a Rússia. Mesmo com seis pontos ainda podemos ser eliminados – disse o atacante Fernando Torres.

Croácia: melhor contra os melhores

Na Croácia, o sentimento é de que a seleção pode, sim, surpreender a atual campeã mundial e europeia. O técnico Slaven Bilic citou o exemplo da Azzurra, que fez um jogo equilibrado diante da Fúria e chegou a estar vencendo até sofrer o empate por 1 a 1.

– Se falarmos da Espanha apenas desta Euro, acredito que mostraram duas caras. Analisamos os dois jogos que eles fizeram e penso que contra a Itália foram diferentes. Temos que jogar como a Itália fez nesse primeiro jogo, impedindo o rival de ficar com a bola. Não será fácil porque eles são o melhor time do mundo nos últimos quatro ou cinco anos, mas temos de tentar ter a bola o maior tempo que conseguimos. Jogamos o nosso melhor quando enfrentamos times favoritos – analisou o treinador.

Bilic ainda lembrou de um confronto entre ambos no passado. Em 1994, logo após da independência do país junto à Iugoslávia, Croácia e Espanha se enfrentaram no Mestalla. Os croatas se deram bem.

– Desde 1994, quando nos tornamos independentes, tivemos ótimos times. O amistoso contra a Espanha foi antes da Copa do Mundo, jogamos em Valencia e vencemos. Foi uma surpresa em toda a Europa. Éramos um país novo com um time novo. Sempre jogamos bem diante dos favoritos. Em 2004, foi a vez da Itália. Parece que somos bons contra equipes boas. Temos uma geração fantástica – apontou.

Itália: corda no pescoço, mas tranquila

Na outra partida do grupo, a Itália chega para enfrentar a Irlanda, que só cumpre tabela, com aparente tranquilidade apesar de estar com corda no pescoço para conseguir a vaga na próxima fase. O time e o técnico César Prandelli não demonstraram qualquer sinal de ansiedade ou nervosismo para o duelo no último treino em Poznan.

O treinador preferiu não pedir “ajuda” a Espanha e tampouco comentou a possibilidade de um “empate amigo” em Gdansk.

- Estamos focados apenas no nosso compromisso. Sinceramente não estou preocupado com o que estão dizendo sobre a outra partida. A Espanha tem uma história. Eles vão fazer o jogo deles, e nós, o nosso – afirmou o técnico.

Capitão da Azzurra, o zagueiro Giorgio Chiellini fez coro.

- Estamos pensando apenas em vencer nossa partida. Não se teremos sorte ou ajuda (dos outros) - observou o defensor do Juventus.

Velha Senhora em Poznan

Por falar na Velha Senhora, a atual campeã italiana deve ser, mais uma vez, a base da equipe para o confronto contra os irlandeses. Ao todo, seis jogadores da equipe de Turim deverão começar a partida: Buffon, Chiellini, Marchisio, Pirlo, Barzagli e Giacherini.

Balotelli, que era dúvida após não treinar no último sábado, deve ter condições de jogo. Caso não atue, o veterano Di Natale entrará em seu lugar.

Irlanda joga pela honra

Pelo lado da Irlanda, o técnico Giovanni Trapattoni esqueceu ser italiano, deixando claro que não vai dar nenhuma colher de chá ao seu país natal. Fazendo questão, inclusive, de falar em inglês.

- O jogo pode não ser decisivo para nós, mas vamos jogar pela nossa honra, pela honra de nossa nação. Pela Irlanda. Temos o dever de fazer o melhor que pudermos. Não queremos voltar para casa com mais uma derrota – afirmou.

Robbie Keane, estrela da seleção britânica, repetiu o discurso do comandante.

- Temos que mostrar respeito aos nossos familiares e aos fãs – observou.

100 jogos do ‘blasé’ Duff

A partida em Poznan marcará o jogo de número 100 do meia Damien Duff com a camisa da seleção irlandesa. O jogador, entretanto, em um tom “blasé”, não se mostrou muito empolgado com a marca.

- É algo que me deixa muito feliz e orgulhoso – disse, na coletiva realizada no último domingo

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