As atividades da Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, ocorrem desde a última sexta-feira (15) no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiros. A programação do evento que faz um contra ponto a Conferência das Nações Unidas pelo Desenvolvimento Sustentável, está espalhada em mais de 36 tendas nos 7 km de extensão em torno da Enseada da Glória.

Para divulgar as atividades, debates e manter as mais de 50 mil pessoas esperadas para circular na Conferência dos Povos até o dia 23, a organização junto a ONGs e entidades de todo o mundo, decidiram montar uma rádio livre, chamada de Rádio Cúpula. Com programas que mesclam músicas de vários estilos e idiomas, a Rádio está sendo transmitida pelo site da Cúpula dos Povos e na rede aberta, na 90, 7 MHz.

No final da tarde deste domingo (17), voluntários da rádio foram surpreendidos. Funcionários da Agência Nacional das Telecomunicações (ANATEL), órgão do Governo Federal que regula a telecomunicação brasileira, chegaram no Aterro do Flamengo para confiscar o transmissor da Rádio. Sem autorização e com o apoio da Polícia Militar, os agentes da Anatel alegaram que as ondas da Rádio, que tem um conteúdo de crítica ao sistema atual e com programas que denunciam a injustiça social e as ações de agressão ao meio ambiente por parte dos países e grande empresas, poderiam fazer com que os aviões que pousam e levantam voo no Aeroporto Santos Dummont poderiam cair.

A ANATEL é famosa em todo o país pelo fechamento de mais de 2 mil rádios comunitárias e rádios poste nos últimos anos, que fazem suas transmissões em ondas baixas, já colocando a alegação apresentada em xeque. Mobilizados a partir de entidades presentes, a organização conseguiu junto ao Ministério das Comunicações uma “licença experimental” para continuar sua transmissão até o fim da Cúpula. A transmissão foi reativada às 15h desta segunda. 

“Agentes do Estado Brasileiro vieram em pleno domingo, durante o maior evento de mobilização social do planeta, para tentar fechar a Rádio. E isso ocorre todos dos dias e=no país e na América Latina. Eles usam da força policial e sem argumentos válidos para acaber com o direito da população de ter uma rádio para se comunicar em sua comunidade. A fragilidade da Lei das Rádios Comunitárias coloca em risco a liberdade de expressão daqueles que não tem voz na grande mídia. Foi isso que tentaram fazer hoje. Calar a nossa voz”, desabafou Arthur Willian, do Coletivo Brasil de Comunicação (Intervozes).

Nesta segunda-feira (18), a assessoria da Rádio Cúpula emitiu nota à imprensa relatando como ocorreu a negociação e reforçando o pedido de divulgação da ação truculenta da Anatel e da Polícia.

Assista no vídeo abaixo, gravado pela TV Memória Latina: