Deputado busca acordo entre alunos e PF sobre transferência de presos

15/06/2012 14:58

A- A+

g1

compartilhar:

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou, nesta sexta-feira (15), em entrevista em frente ao prédio da Polícia Federal (PF), na Zona Oeste de São Paulo, que um acordo entre estudantes e a PF pode evitar a transferência dos 22 manifestantes presos na quinta-feira (14) ao Centro de Detenção de Pinheiros. A polícia aguarda a interrupção do protesto que ocorre em frente à sede, na Lapa, para determinar se a condução dos presos será suspensa, segundo Wyllys.

Vinte e cinco protestantes foram levados para a sede da PF após serem presos pela PM durante uma manifestação na tarde de quinta-feira, no campus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo a PF, 22 estudantes deverão ser autuados em flagrante pelos crimes de dano ao patrimônio público, constrangimento ilegal e formação de quadrilha. Os outros três estudantes já foram liberados.

Caso não ocorra o acordo que é intermediado pelo deputado, os estudantes deverão ser levados para o Centro de Detenção Provisária (CDP) de Pinheiros. “Nós pedimos que o movimento se transfira para onde ele consiga continuar se organizando”, disse Wyllys. Os estudantes que protestam em frente à sede da PF estavam reunidos por volta das 16h20 para determinar se irão interromper ou não a manifestação no local.

O deputado afirmou ainda que a transferência dos estudantes presos só não aconteceu até as 16h desta sexta por "problemas administrativos de falta de assinaturas". Um dos advogados dos estudantes, Sérgio Augusto Pinto Oliveira, relatou que espera a conclusão das assinaturas para efetivar o pedido de habeas corpus para os manifestantes.
Protesto na sede da PF
Estudantes da Unifesp estão desde a noite de quinta-feira em frente à sede da PF em solidariedade aos colegas presos. "A gente se sentiu violentado. Fomos violentamente reprimidos e não foi a primeira vez”, afirmou Luiz Carlos de Oliveira, de 20 anos, estudante de filosofia.

“Chegaram vários carros da polícia, [os policiais] já armados. O chefe deles chegou com um saco de bombas e não hesitou em desperdiçar em cima da gente. Teve estudante que foi atingido no rosto por bala de borracha e saiu sangrando. Teve estudante que teve cabelo puxado pela polícia e que foi chamada de gorda”, contou.

De acordo com um dos advogados de defesa dos estudantes, Sergio Augusto Pinto Oliveira, a polícia deve indiciar os estudantes por formação de quadrilha, constrangimento ilegal, pichação e dano ao patrimônio. Como parte deles já havia ocupado um prédio da diretoria acadêmica, eles podem ser levados diretamente para um Centro de Detenção Provisória (CDP) e as mulheres para o Presídio de Santana.

Oliveira afirmou que os estudantes eram ouvidos individualmente nesta manhã. Assim que a Polícia Federal formalizar a detenção, os advogados devem entrar na Justiça com um pedido de relaxamento de prisão.

Uma estudante do curso de pedagogia, que pediu para não ser identificada, negou que o grupo tenha feito pichações ou tenha depredado o patrimônio público. “A manifestação era pacífica. A gente ia quebrar o que é nosso? Se alguma coisa foi depredada foi na hora do pânico, na correria, depois da chegada da polícia.”

Eles também negam ter feito pichações. “Nós apenas fizemos cartazes para participar do ato”, declarou. Segundo a estudante de pedagogia, os estudantes estão em greve há mais de 80 dias para reivindicar uma melhor infraestrutura para o campus.

Reivindicações
Os estudantes estão em greve há cerca de 80 dias para reivindicar uma melhor infraestrutura para o campus. Eles pedem a construção de novas salas de aula, a reforma do restaurante universitário e o encerramento de um processo criminal contra cerca de 40 alunos que começou em 2008 devido a um protesto contra a direção da Unifesp em um dos campi da universidade.

No fim de maio, um grupo de estudantes invadiu um prédio do campus em Guarulhos e tiveram de deixar o local. Segundo eles, a polícia esteve presente e alguns estudantes foram presos. Na quinta-feira, eles organizaram uma assembleia e fizeram um ato no entorno do campus.
 

Primeira Edição © 2011