CPI não recebe interceptação telefônica e esvazia munição contra Agnelo Queiroz

Governador do DF depõe nesta quarta-feira; oposição reclama que apenas parte do inquérito da operação Saint Michel foi disponibilizada

13/06/2012 08:13

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A demora no recebimento de interceptações telefônicas da Polícia Civil do Distrito Federal, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, deve esvaziar a munição da oposição contra o governador da capital, Agnelo Queiroz (PT). O depoimento de Agnelo começou às 10h35. "Minha presença na CPI é fruto da luta política", disse o governador do DF no início de sua fala. "Não há no documento [requerimento de convocação] nenhum ato que eu tenha praticado em favor de Cachoeira e da empresa Delta (...). A história que trago aqui é a de um governo perseguido pelo crime organizado", afirmou. Agnelo levou documentos à CPI e nega qualquer favorecimento do governo do DF à construtora Delta.

Ontem, o governador de Goiás, Marconi Perillo, depôs por mais de oito horas e negou qualquer relação com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Agnelo deve explicar à comissão a relação de integrantes de seu governo com o esquema do bicheiro. O chefe de gabinete do petista, Cláudio Monteiro, pediu demissão após ser flagrado, pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em interceptações telefônicas com dois supostos operadores do contraventor.

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), reclama que a comissão recebeu, na quarta-feira da semana passada, apenas parte do inquérito da operação Saint Michel. “Não creio em surpresas porque não vieram os anexos com as gravações telefônicas, que podem aprofundar as relações de Cachoeira com o governo do Distrito Federal”, diz o tucano.

Na sessão de ontem da CPI, que ouviu o governador do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), Dias levantou uma questão de ordem questionando a demora no recebimento dos dados. “Estamos sendo rápidos para aprovar requerimentos, mas as informações estão chegando em um passo muito lento. Não vamos poder nos valer disto”, assinala.

Iniciada em abril, a operação Saint Michel é um desdobramento da Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira e outras pessoas ligadas a ele. A investigação da Polícia Civil da capital identificou a tentativa do grupo do contraventor em fraudar licitações para implantação de bilhetes eletrônicos no transporte público de Brasília.

Mesmo sem as gravações, a oposição promete rigor contra Agnelo similar a que aliados tiveram no depoimento de Perillo. Deve abordar, por exemplo, o suposto envolvimento do petista e de seus assessores em lobby para um grupo farmacêutico acusado, entre outras coisas, de sonegação fiscal e falsificação de medicamentos.

“Espero que Agnelo demonstre a mesma qualidade, segurança e lisura que o Marconi”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE). Preocupado com as denúncias, Agnelo montou uma verdadeira operação para reforçar sua defesa. Na semana passada, exonerou dois secretários para engrossar sua bancada na Câmara.

Também determinou o rompimento do contrato que a empreiteira Delta, suspeita de ligações com Cachoeira, mantinha com o DF. Petistas, no entanto, se dizem tranquilos em relação ao depoimento de Agnelo. “Todas as questões serão esclarecidas”, afirma o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “Acho que Agnelo virá convicto e de alma tranquila”. 

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