Vacina contra esquistossomose pode sair em 4 anos, diz médica brasileira

12/06/2012 15:54

A- A+

G1

compartilhar:

A vacina contra esquistossomose desenvolvida e patenteada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), que pertence à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, pode chegar ao mercado em três ou quatro anos, segundo a diretora do IOC, a médica infectologista Tania Araújo Jorge.

"É a primeira vacina no mundo contra parasitas. Até hoje, só existem doses contra vírus e bactérias. Ainda precisamos passar por mais três fases de testes clínicos em humanos. Completamos apenas a primeira", diz.

A esquistossomose é causada por um esquistossomo, animal invertebrado do filo dos platelmintos, e atinge 198 milhões de pessoas na África e 2 milhões no Brasil, além de ameaçar outros 800 milhões em 70 países. Sintomas como anemia, febre e diarreia são os mais comuns.

Os testes iniciais contra a doença foram feitos desde maio do ano passado com 20 adultos voluntários que vivem no Rio, área considerada não endêmica, ou seja, onde não há transmissão ativa do parasita. Cada indivíduo recebeu três doses.

"Essa é uma doença que não interessa a indústria farmacêutica, pois está concentrada em países pobres, com higiene e saneamento básico precários. Queremos que a vacina tenha validade de pelo menos dez anos e seja barata ou de graça, pelo Sistema Único de Saúde", afirma a diretora.

O objetivo dos testes preliminares foi analisar a segurança desse tipo de imunização e verificar a presença de efeitos colaterais como náusea, febre e dor de cabeça. Foi constatada apenas dor local após a aplicação, já que a injeção é intramuscular.

A segunda fase de testes deve começar entre o fim deste ano e o início de 2013, com 200 crianças em idade pré-escolar (até 6 anos), destacou Tânia. Será feita em uma área endêmica, no Brasil e nos países da África, durante cerca de seis meses. A intenção é testar novamente a segurança da vacina.

"Passada essa etapa, será avaliada a eficácia da dose e ampliada a aplicação para milhares de pessoas. Na fase quatro, a escala será de milhões de voluntários", destaca a médica.

Primeira Edição © 2011