A ex-candidata à presidência e ex-ministra Marina Silva afirmou em entrevista ao Terra nesta terça-feira que nesses 20 anos que passaram desde a Eco-92 "os problemas não diminuíram". "As pessoas sacrificam os recursos de milhares de anos pelo lucro de algumas décadas."

"Infelizmente, de que o apelo não foi ouvido como deveria ter sido. Continuam poluindo os rios, destruindo as florestas, inclusive no nosso País", diz Marina ao se referir ao discurso da canadense Severn Suzuki, que em 1992 causou um incômodo silêncio na plateia da Eco-92.

Segundo Marina, nessas duas décadas, vimos melhorar o nível de consciência, mas não a atitude, principalmente dos governantes. "Estão dizendo que não devemos ter expectativas altas. Se os problemas continuam no mais elevado nível de gravidade (...) então nossas expectativas tem de continuar no mais elevado nível de cobrança."

A ex-ministra do Meio Ambiente afirma que os cientistas estão exilados e o que eles dizem não reflete no processo decisório. Ela cita como exemplo, o documento da ONU Geo-5, que não será usado no debate da Rio+20.

Marina elogiou a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente no avanço no combate ao desmatamento da Amazônia, mas criticou o novo Código Florestal - em pontos como, por exemplo, a perda de poderes do Ibama para fiscalizar o próprio desmatamento.

A ex-candidata à presidência diz que a "velha" economia precisa ser modificada gradualmente para um modelo novo, de respeito ao ambiente e que combata uma crise mais grave que a econômica: a ambiental. "Não há como fazer uma ruptura de uma hora para outra (...) o que nós podemos fazer? Uma mutação, porque assim o tecido vai se transformando ao mesmo tempo em que algumas coisas do velho modelo (econômico) estão aí (...) e o Brasil é o País com as melhores condições."