São Paulo: Parada Gay reforça a luta contra a violência

Parada do Orgulho LGBT reuniu 3,5 milhões de pessoas e fez campanha pela criminalização da homofobia

11/06/2012 05:37

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Athosgls Notícias

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Na 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), que reuniu 3,5 milhões de pessoas (segundo os organizadores) na tarde deste domingo na Avenida Paulista, a mensagem de luta contra a homofobia foi a característica mais forte entre os presentes. O evento contou com o tradicional desfile de fantasias, adereços, muita maquiagem e a venda descarada de vinho químico.

A secretária estadual de Justiça, Eloísa Arruda, aproveitou o evento para anunciar um convênio com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para que cada seção da entidade no estado funcione também como um ponto para receber denúncias sobre homofobia. Durante a festa, que foi considerada tranquila pelos organizadores, não houve ocorrências graves. A PM teve de separar uma briga, oito pessoas deram queixa de furto e uma vítima de roubo foi ameaçada por um ladrão com faca. Os hospitais de campanha atenderam 177 pessoas e quatro delas tiveram de ser levadas a hospitais pelo consumo excessivo de álcool.

A Paulista começou a ficar mais cheia a partir das 10h e, às 12h, o ponto de encontro para a saída dos 14 trios elétricos que percorreriam o trajeto do Masp (Museu de Arte de São Paulo) até a Praça Roosevelt, no Centro, já estava lotado. Não demorou muito para o público se animar quando o primeiro trio – com o presidente da Associação da Parada, Fernando Quaresma, e a senadora Marta Suplicy (PT) – ligou seus alto-falantes e começou a se movimentar.

Entre as inúmeras Cinderelas, Brancas de Neve, gueixas, cowboys e enfermeiras, muitas faixas pregavam a luta pelos direitos dos homossexuais, a criminalização da homofobia e a qualificação de professores da rede pública para que saibam lidar com a diversidade. “A festa é maravilhosa. Compareci a todas as edições e adoro a bagunça. Mas também é importante a conscientização. Eu descobri (que era homossexual) aos 15 anos e se nós tivéssemos o espaço que nos dão hoje teria sido mais fácil”, disse o funcionário público Antônio Gomes, que estava com uma fantasia inspirada na faxineira transformista Valéria Vasques, personagem do humorístico Zorra Total.

A cantora Fafá de Belém aproveitou a festa no camarote da Prefeitura. “Está bacana, bem organizado e temos um mote importante que fortalece a parada. Nenhuma sociedade é democrática enquanto houver perseguição política e ideológica aos homossexuais. Fora isso é alegria e felicidade: o mundo é gay”, brincou a cantora.

VINHO QUÍMICO/ Apesar de o DIÁRIO ter flagrado muitos ambulantes vendendo cerveja e vinho químico, a organização do evento avaliou que o consumo dessa bebida ilegal foi menor este ano. A polícia fez um trabalho eficaz e não era muito comum ver pessoas vendendo bebidas”, disse Leandro Rodrigues, porta-voz da Parada.

Pouco antes do evento começar, Marta Suplicy aproveitou para alfinetar a gestão do prefeito Gilberto Kassab, ao criticar a falta de um programa de orientação sexual nas escolas, que segundo ela, foi implantado na época em que era prefeita. “Até para escola infantil tinha. Hoje eu não sei como seria a reação. Retrocedeu alguma coisa muito concreta na sociedade”, disse. O prefeito amenizou as declarações. “Ela fez apenas uma colocação em relação a algumas questões que poderiam ser um retrocesso, mas não são. não fez crítica alguma”, disse.

Punks entram no desfile e skinheads ameaçam confronto
Um grupo de cerca de 20 punks contrários à homofobia desfilou na 16 Parada do Orgulho LGBT. Antes de conseguir entrar no evento, eles tiveram de explicar à polícia que apoiavam a causa gay.

Em contrapartida, um grupo de 40 skinheads homofóbicos pretendia entrar na parada e confrontar os participantes, segundo a polícia. Reunidos atrás do Masp, eles carregavam bandeiras e pedaços de pau, mas foram dispersados pela PM antes de conseguirem chegar à Paulista.

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) lembrou que a primeira parada gay foi organizada por conta da violência de gangues. “Há 16 anos , a Parada começou porque os skinheads estavam matando homossexuais, que ainda hoje são alvos de agressão na Avenida Paulista”, disse.

Segundo a polícia, dois homens também foram levados à delegacia porque estavam com punhais, que foram apreendidos durante uma revista. Levados ao 78º DP (Jardins), eles foram liberados.

Secretaria da Saúde distribui preservativos
A SMS (Secretaria Municipal de Saúde) distribuiu 700 mil preservativos para o público durante o evento. Ao longo da semana, mais 700 mil camisinhas foram entregues pela cidade.

4 km
foi o percurso da Parada Gay

Comércio de bebidas durou todo o evento
Vendedores de vinho químico (R$ 8), cerveja (três por R$ 10) e uísque (R$ 10) agiram livremente durante toda a parada. O vinho químico sem gelo era vendido a R$ 6.

Igreja recebeu vaia no final da parada
Um pouco antes da dispersão, os trios elétricos passaram em frente a Igreja Nossa Senhora da Consolação. Quem estava no alto dos trios aproveitava a pausa na música para puxar vaias para a igreja.

Jovens evangélicos distribuíram panfletos
Um grupo de jovens evangélicos aproveitou a aglomeração na Avenida Paulista para distribuir panfletos da Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus. Na frente do folheto estava escrita a frase “Posso te ajudar?”. No verso a recomendação: “Traga este folheto e entregue nas mãos do pastor para que ele ore por você”. 

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