Morre jornalista e escritor Ivan Lessa, aos 77 anos, em Londres

Ivan morreu na tarde desta sexta-feira (8) em casa. O jornalista sofria de enfisema pulmonar.

10/06/2012 07:28

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Jornal O Globo

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Morreu aos 77 anos, em Londres, o jornalista e escritor brasileiro Ivan Lessa.
Era em uma casa em Londres, cidade que escolheu para morar desde 1978, que Ivan Lessa escrevia suas crônicas. Em geral, criticas aos problemas do Brasil.

No último texto, para a página brasileira da BBC na internet, Ivan Lessa lembrou das frases de um humorista francês sobre a morte. E ironizou: "Roncar, nunca mais. Nem eu nem ninguém ao meu lado".

Ivan morreu na tarde desta sexta-feira (8) em casa. O jornalista sofria de enfisema pulmonar.
“Uma pessoa com muita sensibilidade, que as pessoas talvez não percebessem. Extremamente inteligente, às vezes era assustadoramente inteligente”, disse a viúva Elizabeth Fiuza, em entrevista concedida à repórter Ana Carolina Abar.

Ivan Lessa era filho dos escritores Origenes e Elsie Lessa. Nasceu em São Paulo, mas foi criado no Rio. Com Ziraldo, Millôr Fernandes, Tarso de Castro e Jaguar, fez parte do grupo que criou o jornal “O Pasquim”, em 1969. Inspirado em Sigmund Freud, deu o nome de Sig ao ratinho símbolo do jornal.

“O Sig virou marca registrada do Pasquim. Ele sacaneava os intelectuais de Ipanema, seria uma espécie de Grilo Falante do bairro”, descreveu em uma entrevista.

Durante nove anos, Ivan Lessa esteve no jornal “O Pasquim” uma página chamada “Gip! Gip! Nheco! Nheco!”, com frases de um humor afiado. Quando a ditadura militar criou o slogan “Brasil: ame-o ou deixe-o”, Ivan Lessa publicou a resposta: “O último a sair apaga luz do aeroporto”.

O jornalista Diogo Mainardi, que conheceu o jornalista no início de sua carreira, considerava Ivan Lessa seu tutor intelectual. De Veneza, onde vive, Mainardi gravou um depoimento. "Ivan Lessa foi o melhor escritor brasileiro. Ele foi o melhor escritor brasileiro até o fim, até sua última crônica, quando ele precisava de uma bomba de oxigênio para poder respirar. Com sua morte, quem fica sem oxigênio é o Bananão, como ele chamava debochadamente o Brasil", disse.

Amigo desde a época do Pasquim, o jornalista Chico Caruso lembrou que o último encontro com Ivan foi uma despedida. “Uma hora ele disse: ‘Agora, eu vou levantar, vou sair por aquela porta e não vou olhar para trás’. Ele fez isso, exatamente”, contou.

Em nota, a presidente Dilma Rousseff lamentou a morte de Ivan Lessa e disse que o Brasil perdeu um de seus cronistas mais talentosos.

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