Agência rebaixa nota da Grécia por risco de saída da zona do euro

17/05/2012 13:42

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Folha Online

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A agência de classificação financeira Fitch reduziu nesta quinta-feira a nota da dívida de longo prazo da Grécia de "B-" para "CCC", alegando o risco crescente de que o país abandone o euro como o principal motivo para o rebaixamento.

"A forte representação dos partidos 'antiausteridade' nas eleições parlamentares de 6 de maio e a consequente incapacidade para formar governo acentuam a falta de apoio público e político ao programa da União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI)", argumenta Fitch em comunicado.

A nota da dívida de curto prazo em divisas também caiu, de "B" para "C". A agência considera "provável" que Atenas deixe a união monetária caso as próximas eleições do dia 17 de junho não resultem em um governo com um mandato para continuar com o programa de ajustes do FMI e da UE.

"A saída grega poderia resultar em uma falta de pagamento generalizado no setor privado, assim como nas obrigações soberanas denominadas em euro", acrescenta.

SUSPENSÃO

Mais cedo, o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou a suspensão de seus contatos oficiais com a Grécia até que sejam realizadas as novas eleições em 17 de junho, apesar da formação de um governo interino em Atenas.

"Tomamos nota de que foram convocadas novas eleições e esperamos estar em contato com o novo governo uma vez que ela tenha sido formado", disse aos jornalistas o porta-voz David Hawley, após a formação de um governo interino de tecnocratas em Atenas.

Sem apoio adicional, a Grécia pode ficar sem dinheiro antes do final de junho para pagar salários governamentais e programas de bem-estar social. Esses gastos dependem do programa de ajuda de € 130 bilhões do FMI e da União Europeia.

GOVERNO PROVISÓRIO

O novo primeiro-ministro grego, Panayotis Pikramenos, designou nesta quinta-feira um governo de 16 ministros, a maioria deles funcionários públicos e universitários, que terão como missão preparar as eleições legislativas de 17 de junho.

Entre os novos ministros estão professores universitários, um general da reserva e diplomatas.

A pasta das Finanças será ocupada por George Zanias, um dos principais negociadores da operação de troca da dívida da Grécia no início do ano.

Petros Molyviatis, um diplomata de 83 anos, será o ministro das Relações Exteriores.

PRÓXIMAS ELEIÇÕES

Em próximo 17 de junho, os gregos voltarão às urnas para eleger um novo Parlamento, depois que os principais partidos não conseguiram chegar a um acordo para formar um governo após as legislativas de 6 de maio.

A Grécia, abalada por uma forte recessão, manifestou na votação de 6 de maio a rejeição às medidas de austeridade instauradas em troca de um plano de ajuda internacional.

A permanência do país na zona do euro provoca dúvidas e cria instabilidade nos mercados.

O partido de esquerda radical Syriza, contrário às medidas de austeridade, é apontado como o grande favorito das legislativas.

Primeira Edição © 2011