Quando ser mãe não significa ser apenas mãe

Cuidar da família passou a ser prioridade compartilhada com as vontades da mulher

13/05/2012 11:25

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Fran Ribeiro

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Mãe, do latim mater, de acordo com o dicionário da língua portuguesa significa “mulher ou fêmea de animal que gerou algum filho”. O significado da palavra, porém, acaba sendo superficial para definir alguém que, além de gerar a vida, é responsável pela manutenção da família, das concepções de amor e está diretamente ligada ao desenvolvimento da sociedade.

Tratada muitas vezes como coadjuvante, a mãe da sociedade contemporânea ainda enfrenta alguns estigmas que marcaram o papel social da mulher desde o início da civilização. Designadas para cumprir as tarefas consideradas tradicionais, a mulher saía da sua relação familiar direto para a construção de outra. E com o seu papel já pré-determinado: casar, ter filhos, cuidar dos filhos, do marido, da casa, e ser esposa. Estereotipado como “trabalho de mulher”, a importância das funções familiares desenvolvidas pela mãe sempre foram subjugados, principalmente pelos homens, por não serem atividades remuneradas e por ser consideradas ainda por muitos, como atividades exclusivamente femininas.

Os direitos conquistados pelas mulheres ao longo da história refletiram também na noção social de mãe. Mais conscientes da sua individualidade, as mulheres hoje passaram a valorizar a maternidade e o papel de serem mães e chefe do lar. Valorização essa que também foi seguida por grande parte da sociedade. De acordo com a psicóloga americana Judith Bardwick, autora do livro “Mulher, Sociedade e Transição”, a inversão dos valores tradicionais influenciou no comportamento da mulher, do homem e suas relações familiares.

Principalmente na década de 1970 quando iniciou o período chamado de “Revolução Sexual”, as mulheres passaram a negar a limitação de ser apenas mãe e começaram o movimento de valorização do seu ser social. As jovens mulheres passaram a frequentar as salas de aula ou a procurarem um trabalho fora de casa, como forma de auto-afirmação e de independência. Já no papel de mãe, a mulher começou a conciliar seu sonho de ter uma família com as suas vontades pessoais.

Segundo os dados levantados pela a autora no estudo que resultou no livro, 75 % das mulheres entrevistadas consideraram que a vida rotineira foi o principal motivo para buscar alternativas que liberassem sua individualidade e autonomia. “Além do confinamento físico imposto pelos cuidados com os filhos pequenos, a mulher fica presa também a uma rotina em que as coisas são feitas e desfeitas no mesmo dia: a sala arrumada se desarruma, consome-se o jantar. Assim, é fácil a mulher sentir que nada produziu”, descreveu a psicóloga.

A mãe da atualidade se desdobra, mas consegue garantir o bem estar da casa, dos filhos e ainda, alcançar os seus próprios objetivos. A dupla e, às vezes, até tripla jornada coloca em evidência uma das características que assemelham as fêmeas humanas das demais espécies animais: a força e a dedicação para cuidar dos seus, da sua prole. 

Primeira Edição © 2011