Esperança é o que move mães reeducandas em Alagoas

Mulheres do Sistema Prisional aguardam o dia de liberdade para ter a oportunidade de ver seus filhos crescerem

13/05/2012 14:50

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Marcos Filipe Sousa

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Um ambiente considerado hostil e excluso da sociedade. É assim que muitas pessoas consideram os presídios. Mas neste mês em que é comemorado o Dia das Mães, as celas se enfeitam de cores e alegria. Foi isso o que encontramos em uma visita ao Presídio Feminino de Santa Luzia em Maceió, onde conhecemos duas reeducandas que esperam a liberdade para poder ver os filhos crescerem.

Rosa Cristina Simões de 38 anos, apesar da pouca idade já é avó. “Tive meus filhos muito cedo”. Ao ser questionada sobre eles, Rosa contou sua história de vida: “Estou aqui porque andei com más companhias e infelizmente o meu filho de 17 anos fez a mesma coisa e acabou assassinado”. No semblante reflexivo, a reeducanda se mostrou bastante esperançosa. “Ele se foi, mas deixou um lindo netinho para mim” e continuou “tenho uma filha de 16 anos que também já é mãe. Sou a avó mais besta do mundo”.

Sobre o futuro de si e da família, ela recorda um trecho de uma música do cantor Lulu Santos: “Tudo passa, tudo sempre passará. Aqui tenho a oportunidade de participar do coral, aulas de artesanato e até ioga”, explicou empolgada. Neste domingo, ela recebeu a visita da filha e dos Netos e sobre o futuro ela deseja que a filha e os netos se dediquem aos estudos. “Quero paz, muito paz, não só para mim, mas para todos”, finalizou.

Já Ketty Elayne Silva de 21 anos começou a entrevista tímida e aos poucos foi revelando o motivo de está naquele lugar. “Sou acusada de homicídio e tentativa de roubo”, explicou com a cabeça abaixada. Mas ao falar dos filhos, o lado mãe a fez encher o peito de orgulho: “Tenho uma filha de 5 anos e um de 8 meses. São as coisas mais lindas”.

No momento de falar sobre o futuro dos filhos ela se emocionou. “Espero que eles sigam os conselhos dos avós e estude bastante”, com os olhos em lágrimas ela completou: “É muito dolorido você está aqui e não poder ver seu filho crescer, perder cada passo da vida”.

As duas ainda aguardam julgamento e se mostraram arrependidas. “A gente acaba fazendo uma reflexão da nossa vida e isso pesa ainda mais quando você é mãe”, explicou Ketty.

No fim da entrevista, as duas saíram apressadas, pois estavam terminando de enfeitar o módulo para as visitas, mas antes mandaram um recado para as mães: “Que elas nunca esqueçam de dar muito carinho aos filhos, que não os abandonem, pois nós somos o refúgio deles. E quando precisar ser mais dura nos ensinamentos, que seja também, faz parte da nossa missão”, concluiu Rosa.

E as duas saíram cheias de esperança pelos correndores do Presídio Santa Luzia.
 

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