Tymoshenko interrompe greve de fome e tratamento dura 1 mês, diz médico

09/05/2012 13:21

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EFE

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A líder opositora ucraniana Yulia Tymoshenko, que foi transferida nesta quarta-feira da prisão para um hospital, interrompeu a greve de fome que manteve durante 20 dias e seu tratamento levará pelo menos um mês, segundo anunciou seu médico, o alemão Lutz Harms.

'Hoje reconheci a paciente e determinei o plano de tratamento. Começaremos a tirá-la pouco a pouco do estado de jejum. Primeiro ofereceremos água e sucos, um pouco mais tarde começará a ingerir comida sólida', disse o médico em entrevista coletiva na cidade de Kharkiv, no leste da Ucrânia.

Durante os próximos dias, afirmou, a ex-primeira-ministra ucraniana, que sofre de hérnia de disco, será submetida a fisioterapia e outros procedimentos. O tratamento farmacológico começará mais tarde, indicou.

Perguntado pelo estado de Tymoshenko, o médico disse que 'não está muito diferente do que tinha na prisão'. Segundo as previsões de Harms, o tratamento da líder opositora demorará pelo menos um mês.

O médico comunicou que ainda não decidiu se ele ficará todo este tempo em Kharkiv ou se viajará com frequência para ver a paciente.

Por sua parte, Irina Fursa, a neuropatóloga do hospital que junto com Harms cuidará de Tymoshenko, afirmou que ainda é prematuro para fazer previsões sobre a recuperação de Timoshenko. 'Por enquanto ela apenas começa a sair do estado de jejum', explicou.

Tymoshenko foi internada esta manhã depois de as autoridades aceitarem que o medico alemão controle seu tratamento médico.

A líder opositora, de 51 anos, cumpre uma pena de sete anos de prisão por abuso de poder, delito do qual se declara inocente, e denuncia que seu processo foi ordenado pelo presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, para separá-la da política.

Seu delito consistiu em negociar e assinar sem conivência expressa do Governo que liderava um novo contrato de provisão de gás russo à Ucrânia a condições menos vantajosas que as anteriores.

Atualmente, ela enfrenta um segundo julgamento por evasão tributária que poderia gerar uma condenação a outros 12 anos de prisão.

Em resposta, segundo declarou seu advogado, Sergei Vlásenko, a líder opositora pediu à organização internacional Financial Action Task Force (FATF), que luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, e às procuradorias de vários países europeus que averiguem a 'corrupção em massa' e 'a procedência das fortunas criminosos do regime' ucraniano atual.

A permanência na prisão agravou os problemas de saúde da ex-primeira-ministra ucraniana, e as autoridades lhe ofereceram os serviços médicos da prisão, mas ela se negou a utilizá-los por desconfiar da independência do corpo técnico ucraniano.

No dia 20 de abril, Tymoshenko declarou greve de fome após denunciar ter sido agredida no dia 20 de março por funcionários da prisão durante sua mudança forçada a uma clínica para seu tratamento de hérnia de disco.

A imprensa ucraniana publicou fotos nas quais podem ser vistos os hematomas sofridos por Tymoshenko supostamente nas mãos de funcionários de prisões, que teriam dado 'um forte murro' no seu estômago.

Por outro lado, as autoridades afirmam que os funcionários atuaram no marco da lei, perante a recusa da presa em questão de ser transferida a uma clínica para se submeter a reabilitação.

A situação de Tymoshenko levantou uma campanha internacional de solidariedade.

Na terça-feira, a Ucrânia foi obrigada a renunciar à realização na cidade de Yalta da cúpula dos países da Europa Central e Oriental perante a recusa de muitos de seus líderes de participar da reunião pela situação de Tymoshenko.

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