Segundo o instituto, isso acontece porque a nova classe média evita comprometer o limite de seus cartões de crédito, usados para despesas do dia a dia
Carta Capital
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Carnês de parcelas intermináveis para compras a prazo já não são símbolo da classe média brasileira. Uma pesquisa do Instituto Data Popular divulgada na terça-feira 8 revelou que as classes C, D e E estão mais propensas que a elite às compras à vista de bens como aparelhos eletrônicos de uso pessoal.
A pesquisa ouviu os consumidores entre dezembro de 2011 e janeiro deste ano. O levantamento concluiu que, ao comprar um celular, 58,7% dos emergentes optam por pagar na hora da compra, contra 48,7% dos clientes de alta renda. O mesmo acontece no caso dos notebooks: 49% dos emergentes preferem não parcelar a compra, contra 41% dos consumidores de alta renda. Para os tablets, a diferença é ainda maior: 50% contra 31%.
Segundo o instituto, isso acontece porque a nova classe média evita comprometer o limite de seus cartões de crédito, usados para despesas do dia a dia.
“Independente da compra ser feita para uso individual ou familiar, as classes A e B pretendem comprar a prazo. Apenas para os casos de fogão e jogo de quarto, pagamento à vista é o preferido”, complementa Renato Meirelles, sócio-diretor da entidade.
Financiamento de automóveis
No caso do financiamento de automóveis, a situação se inverte. O financiamento bancário é considerado a via de aquisição de veículos preferida das classes emergentes, com a adesão de 40,8%. Em seguida, vem o pagamento à vista, com porcentagem de 33,9%.
Na alta renda, por sua vez, o financiamento bancário representa 33,5% dos pagamentos para aquisição de veículos, enquanto o pagamento à vista responde por 44,2%.
Apesar das particularidades, o brasileiro, de um modo geral, é mais propenso a comprar a prazo: 61% costumam optar pelo parcelamento.
Serviços diversos
Em nove anos houve um sensível aumento dos gastos das famílias brasileiras. Embora tenha ocorrido um crescimento das despesas com a compra de produtos diversos, a contratação de serviços apresentou uma evolução muito maior – foi o que mostrou outro estudo divulgado pelo Data Popular.
Entre 2002 e 2011, enquanto os gastos com contratação de serviços aumentaram 101,4%, as despesas com aquisição de bens de consumo diversos cresceram apenas 27,6%.
TV por assinatura e telefonia são responsáveis por 169,3% desse aumento. Serviços de cabeleireiros, manicures, lavanderias, cerimônias familiares e práticas religiosas representam 106,8% do crescimento.
Se parte de sua renda sobrasse, a nova classe média afirma que pouparia o dinheiro extra ou o utilizaria para viagens e cursos. “Assim como a maioria dos brasileiros, a nova classe média pouparia mais e investiria em cursos se sua renda dobrasse. Desde já, esta parcela da população investe nos estudos, sendo que os filhos, geralmente são os primeiros da geração de uma família a concluir o Ensino Superior”, assinala Renato Meirelles.
Primeira Edição © 2011