Em meio a protestos, Putin volta à Presidência da Rússia

Novo presidente já indicou Medvedev para primeiro-ministro

07/05/2012 05:59

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R7

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O homem forte da Rússia, Vladimir Putin, tomou posse nesta segunda-feira (7) como novo presidente do país. Seu terceiro mandato, no entanto, começa bem diferente dos dois anteriores. Ele chega ao Kremlin após um movimento de protestos sem precedentes desde sua primeira chegada ao poder, em 2000, e diante de uma oposição que tem reagido ao endurecimento do regime.

Vladimir Putin foi eleito no dia 4 de março com cerca de 64% dos votos, após uma eleição caracterizada por fraudes, segundo a oposição.

Durante seu discurso de posse, Putin fez um apelo amplo por unidade, no início de um mandato de seis anos em que enfrentará a dissidência crescente, problemas econômicos e adversidades políticas.

Putin, de 59 anos, fez o juramento com sua mão direita sobre a Constituição russa numa cerimônia cheia de pompa na antiga sala do trono do Kremlin, diante de 2.000 apoiadores que aplaudiram cada passo do presidente sobre o tapete vermelho.

Do lado de fora dos muros vermelhos do Kremlin, a polícia observava atentamente homens e mulheres dentro de cafés usando a fita branca que simboliza um movimento de protesto contra Putin. No domingo, mais de 400 pessoas foram detidas durante manifestações.

"Vamos atingir os nossos objetivos se formos um povo único e unido, se defendermos nossa pátria amada, fortalecermos a democracia russa, os direitos e liberdades constitucionais", disse Putin num discurso de cinco minutos após tomar posse.

— Vou fazer tudo que puder para justificar a confiança de milhões dos nossos cidadãos. Considero esse o significado da minha vida e minha obrigação de servir à pátria e ao nosso povo.

Após a cerimônia, o novo presidente propôs ao Parlamento a candidatura de seu antecessor, Dmitri Medvedev, para o cargo de primeiro-ministro, indicou o presidente da Duma (câmara baixa), Serguei Naryshkin, citado por agências russas.

Novos tempos

Enquanto os oito primeiros anos da Presidência de Putin (2000-2008) estiveram caracterizados pela retomado do controle do país e pela estabilidade após os anos liberais e caóticos do mandato de Boris Yeltsin, este terceiro mandato, que será de seis anos, será ainda mais difícil em uma sociedade onde a sede por mudanças nunca foi tão grande desde a queda da União Soviética, em 1991.

Após adquirir um estatuto de "czar" intocável durante uma década, Putin enfrentou ao final de 2011 uma onda de protestos inéditos da população, que saiu em massa às ruas para denunciar a manipulação das eleições e a corrupção que sangra o país.

As redes sociais desempenharam um papel preponderante nestes protestos de amplitudes sem precedentes. O movimento foi provocado pelas enormes fraudes denunciadas por observadores e a oposição nas legislativas vencidas em dezembro pelo partido Rússia Unida, de Putin.

Após ter reunido dezenas de milhares de pessoas em várias manifestações em Moscou entre dezembro e março contra o retorno ao Kremlin de Putin, o movimento diverso inspirado em especial pelo opositor e blogueiro anti-corrupção Alexei Navalny perdeu força pela ausência de um líder e de uma verdadeira estratégia, segundo analistas.

Frente aos protestos, Putin prometeu altas de salários a professores e médicos e ajudas sociais importantes antes do final de seu mandato, em 2018.

Primeira Edição © 2011