Demóstenes pede prazo para analisar relatório, mas conselho nega

Relator pediu processo disciplinar contra senador por vinculo com bicheiro. Advogado queria estudar relatório antes de votação no Conselho de Ética.

03/05/2012 11:39

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G1

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O presidente do Conselho de Ética do Senado, Antonio Carlos Valadares (PSB-CE), negou na manhã desta quinta-feira (3) o pedido feito pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), para que tivesse um prazo para analisar o relatório preliminar que pede a abertura de processo disciplinar contra Demóstenes Torres. A defesa prévia de Demóstenes foi entregue antes do relatório preliminar começar a ser elaborado.

O advogado pediu um prazo de cinco dias para poder analisar o relatório antes da votação pelo conselho. O relatório foi apresentado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), relator no Conselho de Ética de ação para investigar o senador Demóstenes Torres.

Segundo Valadares, o advogado terá prazo para se defender das acusações caso o processo disciplinar seja aberto pelo conselho. O relatório de Humberto Costa ainda precisa ser aprovado pelos integrantes do conselho; a votação deve ocorrer na próxima terça (8). A instauração do processo disciplinar terá início após a publicação no "Diário do Senado Federal" da decisão do colegiado.

“Este período [de defesa] já passou. O senhor teve dez dias úteis para apresentação da defesa prévia. E o relator teve apenas cinco dias úteis para apresentar o relatório. Estamos apenas cumprindo o que determina o regimento [...] Toda a argumentação poderá ser feita no caso de o conselho aprovar a instrução probatória. Todo o direito de defesa será concedido”, disse Valadares.

O advogado de Demóstenes alega que parte das questões utilizadas como base para relatório preliminar não eram de conhecimento da defesa. Para compor seu relatório preliminar, Humberto Costa analisou discursos e projetos de lei apresentados pelo senador.
O advogado criticou o material utilizado pelo relator.

“Eu peço cinco dias para me manifestar por esse voto. Eu preciso conhecer as acusações [...] Quero ter a oportunidade de também poder enfrentar as questões novas. Peço que a defesa tenha o direito de enfrentar os fatos apresentados na representação. Eu quero defender, preciso defender, mas quero defender do que o meu cliente é acusado. E este relatório traz 80% de coisas que não era de meu conhecimento”, disse.

Humberto Costa rebateu as críticas. "Eu não tenho culpa se a defesa foi pelo caminho que não deveria. Eu fui pelo caminho que mostra tinha fortes indícios que tinha quebra de decoro", disse o senador.

Análise

Segundo Humberto Costa, uma equipe composta por oito assessores auxiliou na busca de discursos e projetos de lei que foram analisados para a finalização do relatório preliminar.
Em um dos trechos do relatório, o relator observou que no dia 5 de novembro de 2008, a CCJ do Senado, sob a presidência do então senador Marco Maciel, votou e aprovou o projeto de lei 274/2006, oriundo da CPI dos Bingos, que tinha o objetivo de criminalizar a exploração de jogos de azar e tornar mais eficiente a punição nos casos de lavagem de dinheiro.

"O senador Demóstenes Torres, parlamentar assíduo e sempre atuando nos debates que envolvem matéria penal, não estava presente à reunião.Uma de suas raras ausências nos embates naquela comissão, justamente quando se decidia relevante projeto significativo da CPI dos Bingos sobre o tema da criminalização dos jogos."

Em discurso feito por Demóstenes no dia 18 de junho de 2003, e também analisado pelo relator, Demóstenes defendeu a legalização dos jogos de azar. "Senhoras e senhores senadores, acredito que uma maneira de obter os recursos suficientes para a instituição da Escola em Tempo Integral, é a legalização de todas as modalidades de jogos de azar", disse Demóstenes segundo o relator.

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