Brizola Neto fala em modernizar relações de trabalho e lembra avô

03/05/2012 13:00

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G1

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No discurso de posse como novo ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT-RJ) defendeu nesta quinta-feira (3) a modernização da atuação do ministério para regular as relações de trabalho e disse que a pasta precisa ser "ágil, transparente e inovadora". Durante sua fala, ele citou o avô Leonel Brizola, fundador do PDT e ex-governador do Rio.


"Se o ministério que assumo hoje nasceu nos anos 30, a função de equilibrar as relações trabalhadoras continuam. Não se quer dizer que as relações de trabalho não devam ser modernizadas, sobretudo num mundo que experimenta inovações tecnológicas inéditas.

Necessitamos que a interferência do Estado nessas relações se atualize. As empresas mais modernas e eficientes são as que entendem seus trabalhadores como parte. Não é apenas para o trabalhador, mas também da empresa o interesse de que as relações de trabalho evoluam", discursou o novo ministro.


"Se o traballho é parte da coluna cervical do país, o Ministério do Trabalho deve estar à altura desse imenso desafio. [...] É preciso que [o Ministério do Trabalho] seja ágil, transparente e inovador", completou Brizola Neto.


Para o novo ministro, a função estatal de regular as relações trabalhistas não pode perder de vista "a valorizaçao do trabalho, a dignificação do trabalhador e o entendimento de que é ele [trabalhador] o princípio, meio e fim de toda atividade econômica.”
Durante sua fala, Brizola Neto citou o avô e outros ícones da luta pelos direitos trabalhistas. "O sobrenome que possuo integra a linhagem de brasileiros ilustres que se inicia com Vargas, passa por João Goulart e termina com a figura saudosa de meu avô, Leonel Brizola."
O novo ministro afirmou também que ficou honrado com o convite da presidente Dilma. "O que preenche meu coração e pensamentos nesse instante é o dever de [cumprir as expectativas]."

Brizola Neto, que se licencia do cargo de deputado federal, será o ministro mais jovem da equipe da presidente Dilma; ele tem apenas 33 anos.
Interino
O nome de Brizola Neto, que era o preferido da presidente Dilma Rousseff para o cargo, foi definido após reunião de Dilma com o presidente do PDT, Carlos Lupi (PDT-RJ), que comandou a pasta por mais de quatro anos e deixou o cargo em dezembro do ano passado, após uma série de denúncias de corrupção na pasta.
Desde então, o secretário-executivo da pasta Paulo Roberto Pinto estava interinamente no comando do ministério.


Paulo Roberto Pinto, que ficou por cinco meses na pasta, também discursou e agradeceu a confiança da presidente Dilma.“Foi uma honra muito grande poder servir no primeiro escalão da primeira presidenta do Brasil”.


Ele teceu elogios ainda ao antecessor, Carlos Lupi. “O senhor [Carlos Lupi] foi um grande ministro do Trabalho desse país”. Terminou o discurso desejando sorte ao novo ministro do Trabalho. “Tenho certeza que vai continuar essa transformação que a sociedade precisa”, disse Paulo Roberto Pinto.


Saída de Lupi
Em dezembro do ano passado, Lupi encerrou no Trabalho uma trajetória que teve início em março de 2007, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por indicação do PDT, permaneceu no cargo no começo do governo Dilma Rousseff, em 2011.

Ao deixar o cargo, Lupi disse que sofreu "perseguição política e pessoal da mídia".

As denúncias contra o ministro Lupi começaram no começo de novembro do ano passado, quando surgiu a informação de que haveria um esquema de cobrança de propina de ONGs contratadas para capacitar trabalhadores.


Em 12 de novembro, reportagem da revista "Veja" informou que ele havia utilizado um avião alugado por um empresário dono de ONG, que, por sua vez, tem contratos com o Ministério do Trabalho. Até hoje, ainda não foi esclarecido quem pagou pelo avião.


Além disso, surgiu denúncia de que Lupi teria trabalhado, durante cinco anos, na Câmara Municipal do Rio e, ao mesmo tempo, como funcionário-fantasma na Câmara. A Procuradoria-Geral da República diz que acúmulo de cargos públicos, em tese, é crime.
Como ministro do Trabalho, Lupi tinha por costume dar declarações polêmicas. Após as denúncias, disse que só sairia do cargo "abatido à bala", o que não foi bem recebido no Palácio do Planalto. No dia seguinte, se desculpou com a presidente Dilma Rousseff. "Presidente, desculpe se eu fui agressivo, não foi minha intenção, eu te amo", declarou na ocasião.

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