Dilma deixa ajuste na poupança para 2013

Avaliação considera que Selic a 8,5% neste ano segura mudança no rendimento da caderneta, que pode passar a ser corrida pelo IPCA

30/04/2012 15:36

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iG

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 Planalto pretende deixar para o próximo ano o desgaste político de uma mudança na caderneta na poupança, que ao poucos se torna alvo de investidores cujas aplicações tendem a render menos com os cortes promovidos pelo Banco Central na taxa básica de juros, a Selic.

A interpretação da presidenta Dilma Rousseff é de que com até 8,5% neste ano, a Selic mantém a rentabilidade de títulos da dívida pública atraente para o grande investidor. A leitura leva em conta que até o início de 2013 a poupança está protegida, apurou o iG Economia junto a um membro graduado da equipe de Guido Mantega (Fazenda).

O ministro já tem em mãos um conjunto de opções para alterar o rendimento da poupança, hoje corrigida por alíquota mensal de 0,5% mais a variação da Taxa Referencial (TR), conforme garantido por lei.

O trabalho a equipe econômica do Ministério da Fazenda inclui os possíveis cenários para cada opção que pode ser oficializada por medida provisória. O que ainda não está definido é qual medida será adotada. Entre as opções está a de atrelar o rendimento da poupança à Selic a partir de um teto que pode começar em R$ 50 mil.

A indexação pela inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo(IPCA) é outra opção e pode ser a vitoriosa, devido ao interesse do governo de fazer o grande investidor migrar para essa modalidade de correção dos títulos públicos - justamente a parcela da dívida de longo prazo.

O governo conseguiria, assim, afugentar os grandes aplicadores da poupança,diminuindo uma eventual pressão sobre os recursos disponível para o financiamento de imóveis, função da caderneta. E forçaria, com novos cortes na Selic, a migração do aporte na dívida de curto prazo corrigida pela taxa básica de juros para os papeis de longo prazo com bônus associados ao IPCA.Hoje, a fatia da dívida pública federal corrigida pela Selic, concentrada nas Letras Financeiras do Tesouro (LFT), soma R$ 475,5 bilhões. O montante representa 26,77% do estoque da dívida interna de R$ 1,756trilhão registrada em março pela Secretaria do Tesouro Nacional. A meta do governo é transferir esse montante para títulos corrigi dos pela inflação.

Eleição não é preponderante

Nas contas feitas pelo Planalto, o custo maior do ajuste na poupança não está em um revés negativo da medida sobre o desempenho dos candidatos governista nas eleições de outubro. O governo acredita que já está com a base política consolidada pelo bom momento econômico, refletido no índice elevado de aprovação de Dilma.

A espera é feita com base em argumentos técnicos. O receio da Fazenda é gastar agora todas as fichas que pode usar para corrigir desequilíbrios na economia. Isto porque, a presidenta Dilma espera para o segundo semestre o resultado das ações tomadas para incentivar a atividade econômica, como o pacote de R$ 60,4 bilhões anunciado em abril.

A alteração dos indexadores da poupança é visto como uma medida extra, preparada para 2013 como forma de mandar uma mensagem positiva ao mercado no início de um novo ano fiscal. A mensagem é de que o estoque de ações pró-atividade econômica não está esgotado. 

Primeira Edição © 2011