“Minha mãe casou com outro cara e disse: este é seu pai”, diz Sean

Em entrevista à rede americana de TV NBC, o menino afirmou que visitar a família no Brasil faz parte de seus planos, mas que só fará a viagem quando ficar mais velho

28/04/2012 13:34

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O Globo

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- Na entrevista veiculada às 23h desta sexta-feira do Brasil pela rede americana de TV NBC, o menino Sean Goldman afirma à apresentadora Meredith Vieira, do "Dateline", que sua mãe, Brunna Bianchi, disse a ele, após casar, que o advogado João Lins e Silva era o seu pai:

— Minha mãe casou com outro cara e disse: esse é seu pai - afirmou o menino. — Eu sabia que ele não era meu pai, mas eu não dizia nada, porque eu não queria deixar ninguém zangado.

O programa é entremeado com imagens de arquivo, que recontam a história do menino e da batalha judicial por sua guarda, e declarações do pai, também em entrevista a Meredith Vieira. A cada etapa da história de Sean o programa volta à entrevista com o garoto, que responde sobre determinado tópico. A versão da família brasileira foi mencionada no programa, que utiliza linguagem e música bastante emocionais.

Respondendo a muitas perguntas de forma curta e direta, Sean disse que, nos anos que ficou no Brasil, ninguém lhe disse que seu pai, David Goldman, estava tentando vê-lo, inclusive com viagens ao Brasil. Perguntado por Meredith Vieira se tinha conhecimento à época da batalha do pai, respondeu:

— Nenhuma ideia.

A apresentou insistiu, indagando se ninguém no Brasil havia contado para ele:

— Não - respondeu o menino.

Sean se disse confuso com a ausência do pai na temporada que passou no Brasil. Perguntado se entendia o que ocorria, respondeu:

— Não, do que eu me lembro eu estava confuso. O que está acontecendo? Cadê meu pai?
Indagado se ficou zangado à época com o pai, Sean negou:

— Não zangado, eu estava confuso. Porque... cadê meu pai?

O menino diz à apresentadora que "não, nunca" esqueceu David Goldman:

— É uma grande parte da sua vida quando você é uma criança, seu pai. Você quer seu pai.
Ele disse que o reencontro com o pai, no início de 2009, na casa onde vivia, após quatro anos e meio, quando brincaram na piscina, foi um momento de "muita felicidade" e que os sentimentos "ressurgiram" quando o viu:

— Como alegria. Eu só o encontrei, alegria, e eu estava feliz, realmente feliz.
Hoje vivendo com David em Nova Jersey, Sean diz que o pai é um modelo para ele:

— Meu pai, ele é um guia. Eu não sei como explicar, é simplesmente este vínculo, de que ele está ali.

"Quero ficar mais velho para voltar" ao Brasil, diz o menino Sean
Na entrevista, o menino disse que voltar ao Brasil para visitar a família faz parte de seus planos, mas que só fará a viagem quando ficar mais velho. Para Sean, que completará em breve 12 anos, quando tiver 16 ou 18 anos ele terá mais condições de lidar emocionalmente com a situação.

— Talvez algum dia eu visite (a família brasileira), mas eu quero ficar mais velho antes de eu voltar lá. Porque eu posso lidar mais (com a situação) - disse Sean, dizendo que tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos há pessoas que se importam com ele.
O garoto afirmou que não pensa muita em sua avó, Silvana Bianchi, como uma forma de se proteger. Perguntado se pensa na avó, respondeu:

— Na verdade, não, porque eu fico triste. E ninguém gosta de ficar triste.

O pai do menino, David Goldman, afirmou em entrevista ao mesmo programa que se Sean manifestar interesse em encontrar a avó, dirá a ele para ligar para Silvana, que eles tentarão encontrar uma forma de fazer o encontro acontecer. Ele garantiu que encoraja o filho a ligar para a família brasileira.
David Goldman contou no programa que Sean ainda frequenta sessões de terapia e que passou por um teste no ano passado. O pai viajou por alguns dias no verão e o deixou com os avós maternos, quando ficou claro, segundo David, que o garoto ainda se recupera de um trauma.

— Na quarta noite, ele acordou após pesadelos de que estava sendo perseguido no Brasil (...). Era um teste pelo qual ele tinha que passar.
No início do programa, a apresentadora disse a Sean que o pai havia lhe contado que ele tinha tido problemas com Matemática, mas que hoje era um estudante de primeira linha. O menino respondeu:

— Assim é a vida, superar desafios.

Ele afirmou que fica triste às vezes com o fato de sua mãe, Bruna Bianchi, ter morrido em 2008, mas que tenta se acostumar à situação. Segundo o pai do garoto, Sean faz referências de vez em quando à mãe, como por exemplo lembrar que ela gostava de determinada música. Ele garantiu que mantém viva a memória de Bruna na vida do filho, por exemplo mencionando ocasionalmente um restaurante que ela gostava de frequentar.

No texto lido pela apresentadora enquanto imagens de Sean com Bruna eram veiculadas, Meredith Vieira disse que a morte da mãe é um dos assuntos nos quais Sean hesita falar. Em seguida, ela perguntou diretamente ao menino se ele fala de Bruna com o pai:

— Às vezes eu fico triste, porque toda criança que tenha um pai ou mãe que já morreu fica triste de vez em quando. Mas, você sabe, eu tento viver com isso.

Adiante, ele brinca. Indagado se o seu maior desafio no retorno aos Estados Unidos foi retomar o inglês, Sean respondeu:

— Na verdade, não - disse ele. — Acho que o maior desafio foi voltar a ficar em forma. Já perdi uns 13,5 a 18 quilos (em dois anos e meio).


 

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