Planalto nega conversa entre Dilma e Lula sobre CPI do Cachoeira

27/04/2012 04:58

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Jornal do Brasil

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A Secretaria de Comunicação da Presidência divulgou uma nota nesta quinta-feira negando que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenham conversado, em encontro ontem no Palácio da Alvorada, sobre a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários.

"A presidenta lamenta as versões em contrário divulgadas por veículos de imprensa", diz a secretaria, na nota. Ontem, Dilma recebeu Lula e os ministros da Fazenda, Guido Mantega, da Educação, Aloizio Mercadante, e da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para um almoço, no Palácio da Alvorada.

O ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins também participou do encontro, que durou cerca de quatro horas. Nenhum dos participantes falou com a imprensa ao deixar a residência oficial da presidente. A CPMI foi instalada ontem e terá como presidente o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e relator o deputado Odair Cunha (PT-MG). A comissão foi criada para investigar as relações de empresários e políticos com Carlinhos Cachoeira, suspeito de envolvimento com corrupção e jogos ilícitos.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira. 

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