“Isso é um absurdo”, diz vereadora que pode perder o mandato após denunciar entrega de alimentos estragados

Gineide Castro denunciou ao MPE entrega de alimentos estragados a carentes em Piaçabuçu

27/04/2012 07:17

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Marcela Oliveira

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A vereadora por Piaçabuçu, Gineide Castro, apresenta, na próxima segunda-feira (30), a sua defesa à Câmara Municipal. Após denunciar ao Ministério Público Estadual (MPE) que cestas básicas doadas pela prefeitura estavam estragadas, ela foi acusada pelo prefeito Dalmo Santana Júnior de abuso de poder.

A vereadora conta ao Primeira Edição que, no final de fevereiro, começou a ser abordada por pessoas na rua afirmando que as cestas básicas que receberam estavam com alimentos fora do prazo de validade e com gorgulhos. Então, resolveu levar o caso à Câmara para que investigasse. “As pessoas chegaram a dizer que os pacotes de macarrão não tinham gorgulhos, mas cheiravam a barata; outros, que amargavam. Então, levei para a Câmara os alimentos que elas me deram e os coloquei na mesa de cada vereador, mas eles insinuaram que eu tinha produzido aquilo”.

Após essa sessão, ela conta que recebeu a denúncia de que no Pet e no Posto de Saúde havia alimentos estragados. “Eu fui lá, me identifiquei e pedi permissão para entrar. No Pet, encontramos mais de 200 pacotes de alimentos estragados. No posto, uma cesta para gestantes estava na mesma situação. Recolhi amostras e procurei o Ministério Público”.

Após oficializar a denúncia, o prefeito Dalmo Santana entrou com uma representação contra ela na Câmara pedindo a cassação do seu mandato alegando abuso de poder, invasão a prédio público e retirada sem autorização de cestas básicas do Programa Nutricional para Gestantes.

“Esta situação é revoltante! Quer me processar por que estou fazendo meu dever? Depois disso o prefeito suspendeu a entrega das cestas. Essa manobra eleitoreira atesta a veracidade das denúncias”, diz Gineide Castro.

Para o relator Ailton Vieira, a vereadora abusou de suas prerrogativas quando entrou no posto e pegou os alimentos.

“Ela cometeu infração porque não tem direito de se apossar de nada. Só ver e denunciar. Ela está errada. Está com a razão para fiscalizar mas, para isso, nós [vereadores] temos que pedir autorização e saber o que estamos fazendo”, disse ele por telefone ao Primeira Edição enfatizando que a vereadora é pré-candidata a prefeita . “Vamos apurar o que houve. Eu sou da situação, mas isso não tem nada a ver”, conclui ele.

Na próxima segunda-feira, Gineide Castro entrega a sua defesa. A comissão, apoiada por seis vereadores da situação, terá alguns dias para apresentar o relatório final.

“O relator já disse que eu merecia ser punida. Já estou condenada antes de me defender”, disse ela acrescentando que, caso seja prejudicada, vai acionar a Justiça.

O MPE ainda não se posicionou sobre as denúncias.
 

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