Desmatamento aumenta 96% em MT e ministra critica Estado

25/04/2012 04:52

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O ritmo das motosserras no Estado de Mato Grosso dobrou desde a apuração da última taxa oficial de desmatamento na Amazônia.

Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectaram 637 quilômetros quadrados de desmatamento na região entre agosto de 2011 e março deste ano, segundo dados preliminares. Isso representa um aumento de 96% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O corte de grande extensão de floresta aconteceu apesar da presença de fiscais na região. Em dois meses e meio, até 16 de março, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) embargou 4,3 mil km2 de áreas para a produção em Mato Grosso, por desmatamento ilegal.

As multas aplicadas no Estado somaram até essa data R$ 31,6 milhões, o que equivale a 64% do valor de toda a Amazônia.

"É inegável que temos um pico de desmatamento em Mato Grosso", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, após reunião com integrantes da área de inteligência do governo. O ministério cobra explicações sobre autorizações de desmate concedidas no período.

"Ainda não temos as explicações, mas sabemos que tem gente lá dizendo que pode desmatar porque o sujeito vai ser anistiado", afirmou Izabella, que aponta entre as hipóteses para explicar o pico de corte expectativas falsas criadas pelo debate do Código Florestal, em votação no Congresso. A lei estadual de zoneamento econômico-ecológico, que ampliava os casos de anistia a desmatadores, teve seus efeitos suspensos recentemente.

Izabella também considerou o efeito de lei sancionada em dezembro pela presidente Dilma Rousseff e que supostamente esvaziaria o poder de fiscalização do Ibama. "Não existe nada na lei que impeça a atuação de órgãos federais", declarou.

A lei determina que cabe aos Estados fiscalizar as áreas em que tem competência para licenciar o corte de vegetação. Pela lei, prevalece o auto de infração estadual, o que pode levar a que proprietários de terra recorram das multas de R$ 49,4 milhões aplicadas pelo Ibama desde janeiro.

O novo surto de desmatamento em Mato Grosso foi detectado em fevereiro por conta da baixa cobertura de nuvens na região. As nuvens atrapalham a visão dos satélites. O desmate aconteceu em período de chuvas, quando a atividade das motosserras tradicionalmente cai na Amazônia.

No ano passado, Mato Grosso já havia provocado a convocação de um gabinete de crise no governo, por conta do ritmo acelerado do desmatamento.

Roraima

Nos últimos meses, o satélites do Deter (mais rápidos, mas menos precisos) também detectaram aumento de 363% do abate de árvores em Roraima. O governo federal ainda apura os motivos de a taxa no Estado ter aumentado 363% entre agosto em março, comparado ao mesmo período do ano passado.

Embora seja proporcionalmente maior do que o aumento do desmate em Mato Grosso, o abate de árvores em Roraima somou 56 km2, menos de 9% do que foi desmatado no Estado governado por Silval Barbosa. O governo acredita que a migração da atividade madeireira do Pará possa explicar a situação em Roraima.

Rondônia também registrou aumento, de 9,7%. Os demais Estados da Amazônia registraram queda do desmatamento nos oito primeiros meses de coleta da nova taxa oficial da Amazônia.
No Pará, as nuvens ainda atrapalham a visão dos satélites. Por isso, o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, admite que o resultado apurado até aqui pode não corresponder à realidade. "O Pará ainda está sob nuvens", comentou. No Estado, os fiscais já embargaram neste ano 2,3 mil km2 de áreas desmatadas para a produção. As multas aplicadas ultrapassam R$ 15,5 milhões.

Primeira Edição © 2011