Hugo Chávez telefonou à nação para desmentir que morreu

O Presidente venezuelano Hugo Chávez decidiu telefonar, na segunda-feira, para a televisão estatal do seu país para desmentir os rumores que o davam como morto. O líder venezuelano passou nove dias sem ter dado qualquer notícia. Chávez está em Cuba a ser tratado a um cancro.

24/04/2012 04:29

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Público PT

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“Parece que vamos ter de nos acostumar a viver com estes rumores porque eles fazem parte dos laboratórios da guerra psicológica, da guerra suja”, disse Chávez, de 57 anos, na sua chamada telefónica para a televisão estatal.

Desde que partiu para Cuba, no dia 14 de Abril, a fim de se submeter a novos tratamentos de radioterapia que têm por finalidade tratar um cancro de que padece, Chávez tem apenas escrito curtas mensagens no Twitter. O El País caricatura a situação afirmando que o Presidente venezuelano “governa em 140 caracteres”, referindo-se ao número máximo de caracteres por tweet.

Nessas mensagens Chávez tem-se dirigido aos seus concidadãos para lhes dar conta dos progressos que estão a ser feitos ao abrigo da sua “revolução” socialista.

Porém, após nove dias sem dar notícias, começou a especular-se que o Presidente teria sucumbido ao cancro. Foi preciso Chávez vir a público anunciar que está vivo e que a terapia é “difícil” mas necessária e que tem sentido a necessidade de descansar.

O Presidente anunciou igualmente que planeia regressar a Caracas na quinta-feira, apesar de ainda precisar de fazer mais uma sessão de radioterapia.

“Algumas pessoas gostariam de me ver sair daqui a correr... ainda não, deixem-me recuperar. Tenho de descansar e continuar a minha dieta e os meus tratamentos”, disse Chávez, que admitiu que os rumores são “danosos”. O Presidente disse que teve de ligar à própria mãe para a tranquilizar.

O candidato da oposição às eleições de 7 de Outubro – que Chávez pretende disputar –, Henrique Capriles, tem denunciado que o Presidente governa o país remotamente, via Twitter.

“Governar via Twitter, aprovar leis via Twitter sem consultar ninguém, é um insulto ao nosso povo. Os problemas do país não podem ser resolvidos via Twitter”, disse Capriles.

Os opositores de Chávez acusam igualmente o Presidente – há 13 anos no poder – de manter o país na ignorância em relação à doença de que padece. Sabe-se apenas que, inicialmente, foi-lhe removido um cancro do tamanho de uma bola de basebol da zona pélvica, mas desconhece-se quaisquer pormenores em relação ao estado de saúde actual.

Apesar do cancro, Chávez quer ser eleito para um novo mandato de seis anos. Mas a sua doença irá, muito provavelmente, impedi-lo de conduzir uma campanha eleitoral normal.

Apesar disso, Chávez continua a gozar de altas taxas de popularidade entre os venezuelanos mais pobres que têm usufruído das suas políticas sociais de redistribuição de algum dinheiro proveniente da riqueza oriunda das vastas reservas de petróleo do país.

Quase todas as sondagens mais recentes dão conta da confortável vantagem de que goza Chávez frente a Capriles. Nem as frequentes viagens a Cuba parecem afectar esta estima popular. 

Primeira Edição © 2011