Entidades LGBT de Alagoas fazem protesto contra a violência a homossexuais

O ato silencioso foi realizado na tarde desta terça (17), no Centro. Entidades cobram a efetivação de políticas públicas para os LGBT

17/04/2012 14:40

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Fran Ribeiro

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Um protesto silencioso para um crime que é gritante. Representantes do movimento LGBT de Alagoas se reuniram na tarde desta terça-feira (17) em frente ao antigo prédio do Produban para (re) lembrar os homossexuais assassinados em Alagoas por preconceito e homofobia. Só em 2012, pelo menos oito gays foram mortos brutalmente no Estado.

No mais recente caso, Márcio Lira e Eduardo Mello, companheiros há dez anos, foram encontrados mortos em um canavial na cidade de Rio Largo no último dia 09. Márcio teve os dedos das mãos decepados e ambos, os olhos perfurados. Até o momento, a investigação só tem o depoimento de três pessoas. O local onde os corpos foram encontrados e o apartamento onde o casal vivia foram periciados, mas não existem indícios que apontem suspeitos ou a motivação pelo crime.

Com um “varal da homofobia” o Grupo Gay de Alagoas (GGAL) estampou fotos de vítimas de homicídio. A maioria, gays assumidos e travestis tiveram seus casos expostos para as pessoas, que paravam e observavam com um olhar atento à brutalidade que seres humanos foram submetidos por serem homossexuais. Intolerância que também atinge a família e amigos das vítimas. “A violência não ceifa apenas a vida daqueles que foram mortos, mas atinge também pais, mães, filhos, amigos que querendo ou não, também tem suas vidas interrompidas por atos de intolerância”, explicou o presidente do GGAL, Nildo Correia, à reportagem do Primeira Edição.

O ativista criticou a morosidade na elucidação dos casos que envolvem os LGBT. Segundo Nildo, falta vontade política para que as leis que deveriam assistir os direitos dos homossexuais sejam cumpridas. “Temos o Plano Municipal e o Estadual de Combate à Homofobia, mas eles não saíram do papel. Temos um problema na Gerência LGBT no Estado, que hoje, não trabalha e não passa de cabine de emprego, o que não efetiva o combate à violência na sociedade e à homofobia”, declarou Nildo.

Já para Igor Nascimento da ONG Direito à Vida, falta também unidade ao movimento LGBT em Alagoas para que o enfrentamento à violência contra homossexuais seja levado a sério.  “Falta vontade política do próprio movimento. Vivemos de ações pontuais. Só aparecemos quando há casos de morte de homossexuais ou na Parada Gay. Falta uma continuidade na prevenção”, revelou.

Igor afirmou ainda que a falta de unidade das entidades, prejudica o avanço da luta na sociedade. “Não há unidade. Temos hoje uma Parada Gay que é vista como uma comemoração, quando ela deveria ter o papel de combate e de conscientização da sociedade e ao próprio movimento”.

“A morte está banalizada no Estado. E isso não atinge só a comunidade LGBT. Os jovens estão sendo mortos de forma absurda. A culpa é do crack, do tráfico, é. Mas falta também um aparamento do Governo no combate à violência no Estado. É problema de segurança pública, de educação, de lazer, moradia, saúde”, desabafou Nascimento.
 

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