Banco da Espanha diz que país voltou à recessão no 1º trimestre

17/04/2012 07:00

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G1

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A economia da Espanha voltou a cair na recessão dois anos depois de sair desta situação, anunciou nesta terça-feira (17) o presidente do Banco da Espanha - banco central nacional e supervisor do sistema bancario - ao confirmar que a contração de 0,3% do PIB no último trimestre de 2011 continuou nos três primeiros meses do ano.

"A intensificação da crise da dívida soberana a partir do verão do ano passado interrompeu a tênue recuperação que a economia espanhola havia iniciado um ano antes", afirmou o presidente Miguel Fernández Ordoñez.

Os números oficiais deverão ser divulgados no dia 30 de abril. Após um frágil crescimento, de 0,7%, no conjunto de 2011, o governo espanhol prevê uma contração de 1,7% do PIB em 2012, com o primeiro trimestre negativo.

Nos últimos dias, o ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, havia admitido que o país provavelmente teria entrado em sua segunda recessão desde 2009, enquanto os rendimentos da dívida pública do país voltaram a subir para níveis perigosos nesta segunda-feira (16), diante da preocupação de que Madri não atingirá suas rigorosas metas de déficit orçamentário.

O ministro da Economia disse que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado uma queda similar à do período entre outubro e dezembro de 2011, quando a economia encolheu 0,3% na comparação trimestral.

Dois trimestres consecutivos de queda do PIB marcam uma recessão, o que tem sido amplamente esperado na Espanha, mas De Guindos afirmou que a recessão pode não ser tão ruim quanto se pensava.

"No momento, vejo um primeiro trimestre com um padrão similar ao do último trimestre do ano passado", disse o ministro em uma entrevista ao jornal El Mundo publicada nesta segunda-feira.

No entanto, ele acrescentou: "Se você tivesse me perguntado há dois meses, eu esperaria que o primeiro trimestre de 2012 fosse muito pior do que o último trimestre do ano passado. Mas não será o caso".

Cortes orçamentários
O governo conservador diz que está empenhado em fazer grandes cortes orçamentários. Mas está crescendo nos mercados financeiros a preocupação de que a recessão tornará impossível cumprir as metas do déficit e que a Espanha terá que procurar algum tipo de resgate internacional, como Grécia, Irlanda e Portugal.

Os rendimentos dos títulos espanhóis de dez anos ultrapassaram a marca de 6% nesta segunda-feira pela primeira vez desde o início de dezembro. Isso levantou preocupações de que os custos de empréstimo do governo podem alcançar rapidamente níveis insustentáveis, a menos que o Banco Central Europeu (BCE) volte a comprar títulos do governo em um programa que tem ajudado a conter os rendimentos nos últimos meses.

"Estamos de volta no modo de crise plena", disse o estrategista de taxas do Rabobank Lyn Graham-Taylor. "Está parecendo mais e mais provável que a Espanha terá alguma forma de resgate. Assumindo que não haverá uma intervenção (do BCE), você não verá um limite para os rendimentos espanhóis, eles apenas continuarão aumentando."

A economia da Espanha tem encolhido ou estagnado desde a bolha imobiliária que estourou em 2008. Com os preços das casas ainda em queda, a sobrevivência de alguns bancos e a capacidade do novo governo em controlar suas finanças estão em risco.

Primeira Edição © 2011