PIB da China tem menor crescimento em quase 3 anos

13/04/2012 07:28

A- A+

Reuters

compartilhar:

A economia da China cresceu no ritmo mais lento em quase três anos nos três primeiros meses de 2012, e a leitura abaixo do esperado provocou entre os investidores a preocupação de que a desaceleração ainda não tenha chegado ao fim depois de cinco trimestres seguidos de enfraquecimento e que mais ações de política serão necessárias para interromper essa tendência.

O crescimento do PIB desacelerou para 8,1 por cento no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2011, depois de ter alcançado 8,9 por cento nos três meses anteriores, informou nesta sexta-feira o Escritório Nacional de Estatística.

Economistas consultados pela Reuters previam um crescimento de 8,3 por cento, e a leitura de 8,1 por cento é a menor desde os 8,1 por centos vistos no segundo trimestre de 2009.

Os dados do PIB são o destaque entre uma série de indicadores publicados nesta sexta-feira. Entre eles, a produção industrial da China subiu 11,9 por cento em março ante o ano anterior, acima da previsão de 11,5 por cento.

Por sua vez, as vendas no varejo avançaram 15,2 por cento no mês passado na comparação com o mesmo período de 2011, contra previsão de 15 por cento. Já o investimento em ativos fixos trimestral, um dos principais motores da economia da China, subiu 20,9 por cento.

Eles ficaram amplamente em linha com as expectativas conservadoras de investidores que mostraram-se cada vez mais preocupados nas últimas semanas de que a fraqueza do ciclo econômico da China se estenderia para o segundo trimestre do ano, conforme enfrenta dificuldades para escapar da sua pior desaceleração sequencial desde a crise financeira de 2008/09.

"O que está claro é que a economia ainda está desacelerando e o setor imobiliário está deflacionando", disse o economista do Société Générale, Yao Wei.

"Olhando os dados sobre o mercado imobiliário, parece que os investimentos em imóveis finalmente começaram a ter uma correção. Acho que essa tendência continuará e vai puxar o crescimento ainda mais para baixo nos próximos meses, portanto achamos que este ainda não é o ponto mais baixo. Significa que mais afrouxamento monetário será necessário para impedir uma desaceleração mais forte."

Em março, o investimento em imóveis residenciais registrou a menor taxa de crescimento anual desde meados de 2009. Esse dado respondeu por cerca de 13 por cento do PIB da China em 2011 e o setor afeta diretamente mais de 40 setores. Dessa forma, a ação do governo chinês para conter a especulação imobiliária é sentida em todo o espectro econômico.

"A leitura de 8,1 por cento fica abaixo da expectativa, e é por isso que o primeiro-ministro chinês Wen têm pedido um ajuste da política", disse o economista da Industrial Securities Xu Biao. "Mas Pequim não deve lançar nenhum grande estímulo uma vez que um crescimento de 8 por cento não afetará o emprego com força."

LIMIAR

Um crescimento de 8 por cento é amplamente considerado como o limiar em que a China enfrenta dificuldades para criar empregos suficientes para novos trabalhadores em sua força de trabalho de 800 milhões de pessoas, provocando o risco de instabilidade social e elevando a probabilidade de que sejam realizadas novas medidas de estímulo.

Mas, como o governo reduziu sua meta de crescimento para o ano para 7,5 por cento no mês passado, ganha força a visão segundo a qual o ritmo que Pequim pode considerar um pouso forçado -e que continua longe do consenso do mercado- avançou significativamente para baixo.

Isso significa que administradores de fundos que esperam uma resposta política para uma queda abaixo de 8 por cento ficarão decepcionados.

A economia da China se expandiu em 9,2 por cento em 2012, uma mínima de dois anos. Economistas consultados pela Reuters esperam um crescimento em 2012 de 8,4 por cento, que seria o menor desde 2002.

O risco de a fraqueza da demanda global pelas exportações da China persistir em meados do ano, uma vez que muitos países da zona do euro parecem estar em recessão e os fracos dados sobre o emprego nos EUA reativaram as preocupações relativas à recuperação da economia norte-americana, acende o sinal vermelho para muitos no mercado financeiro.

A agência de estatísticas da China afirmou nesta sexta-feira que o país ainda enfrenta dificuldades para estabilizar o crescimento da exportação.

Primeira Edição © 2011