PT desistiria de prefeituras para aliar-se a PSB e PCdoB em SP

11/04/2012 06:18

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Terra

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Para evitar o isolamento da candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, a direção nacional do PT já admite abrir mão de lançar candidatos próprios em algumas cidades consideradas "estratégicas" e apoiar as chapas encabeçadas por políticos do PSB e do PCdoB, em troca de apoio na capital paulista. Segundo o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o partido pode desistir de lançar candidatos nas cidades de Macapá (AP), Mossoró (RN), Duque de Caxias (RJ), Cuiabá (MT), para apoiar os candidatos do PSB, e em Florianópolis (SC) e Manaus (AM), para apoiar o PCdoB.

Cobiçado pelo PT e pelo PSDB, o PSB quer adiar para junho o anúncio da aliança, mas a decisão incomoda os petistas, pois Haddad é um dos poucos prefeituráveis que ainda não recebeu apoio de outros partidos. Em São Paulo, a situação é delicada pois o líder do PSB no Estado, Márcio França, integra a equipe do governador Geraldo Alckmin (PSDB) - ele é secretário estadual de Turismo - e é favorável à aliança com o pré-candidato tucano, José Serra. Por outro lado, o presidente nacional da legenda, o governador Eduardo Campos (PE), negocia diretamente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o apoio à candidatura do ex-ministro da Educação, mas, em troca, exige o apoio do partido em outros Estados.

"Nós queremos nos aliar ao PSB, então estamos estudando mudanças", disse Falcão nesta terça-feira, após acompanhar Haddad na reunião do pré-candidato com a bancada do PT na Assembleia Legislativa. O Partido dos Trabalhadores também lembra que irá apoiar a reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB).

Com o PCdoB, aliado histórico dos petistas, a conversa está ainda mais complicada, pois o PT não formalizou o apoio à candidatura da deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) à prefeitura de Porto Alegre, e lançou o deputado estadual Adão Villaverde (PT) como pré-candidato. Na capital gaúcha, o PT também é pressionado a apoiar a reeleição do prefeito José Fortunati (PDT), partido que também integra a base aliada do governo federal - o que deixa a situação ainda mais complicada.

Diante do cenário, o PCdoB em São Paulo tem reclamado abertamente dos petistas, a quem acusam de tê-lo "deixado de lado". Por causa disso, os comunistas podem manter a pré-candidatura do vereador Netinho de Paula a prefeito, ou formar um "bloquinho" com o PRB e o PMDB, cujos pré-candidatos são, respectivamente, o ex-deputado Celso Russomanno e o deputado federal Gabriel Chalita.

O presidente do PT negou ter "menosprezado" os aliados comunistas e disse, ao ser questionado sobre o possível apoio do PT à Manuela, que a situação pode mudar. "Em política nada é imexível. (...) E o PT também quer apoiar a Vanessa Grazziotin (senadora do PCdoB), mas o PcdoB ainda não decidiu pela candidatura", disse.

O partido também espera atrair o PR para a aliança, que deixou a base do governo federal, mas pouco depois retomou o apoio. "Temos muita expectativa de fechar com o PR", admitiu o presidente petista.

Além de conter o isolamento de Haddad, as alianças partidárias são importantíssimas para garantir mais espaço ao pré-candidato na TV e no rádio. Isso porque, mesmo tendo Lula como seu cabo eleitoral, o ex-ministro ainda é desconhecido por grande parte da população paulistana e, para reveter o cenário, o partido aposta na exposição na televisão.

Primeira Edição © 2011