TURISMO E GASTRONOMIA NA SEMANA SANTA

05/04/2012 09:47

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Redação

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Turismo e gastronomia enriquecem a Semana Santa pelo mundo


Além de Alagoas do Nordeste brasileiro, a Semana Santa é vivida com intensidade em vários países da Europa e da América onde além das procissões e celebrações religiosas, a gastronomia tem papel importante no período em que milhões de pessoas aproveitam o feriado para o lazer e o turismo.
Desde o início da liturgia da Páscoa pela Igreja Católica Apostólica Romana, sempre no domingo de ramos, rememorando a aclamação de Jesus Cristo ao calvário. 
As ruas de todo o mundo católico ficam cheias de penitentes,
Via-Sacra e nazarenos nas festas religiosas que lembram a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus.


Os colegas jornalistas da Agencia EFE, S.A., em excelente matéria sobre o tema, nos revelam a riqueza da fé traduzida na ritualística das procissões e atos litúrgicos católicos incluindo obrigatoriamente a religiosidade o turismo e a gastronomia. 
Assim como a fé, com o turismo, a culinária também invade as cidades, as casas e mesas.
Os feijões com doce da República Dominicana, a fanesca (sopa de
pescado) no Equador, o cuajao (doce de peixe salgado) na Venezuela, o mel de chiverre (uma espécie de abóbora) na Costa Rica, a chipá (torta de farinha de milho ou mandioca com queijo) no Paraguai, e a torrijas na Espanha são algumas mostras da rica e variada gastronomia de Semana Santa.


Na Bolívia, um dos costumes de maior destaque é a peregrinação
ao Santuário de Copacabana. Nele, milhares de católicos percorrem 156
quilômetros desde La Paz até o Santuário, situado às margens do lago Titicaca,
como demonstração de fé. Nas áreas rurais bolivianas, sobretudo no planalto e nos vales, há a crença de que, como Deus morreu e não pode ver o que ocorre no mundo, não é pecado fazer pequenos furtos de produtos agrícolas (frutas e batatas).


Já no Equador, a Semana Santa é sinônimo de procissão e fanesca. Em Quito, é celebrada na sexta-feira a procissão 'Jesus do Grande Poder' e a 'Virgem Maria'. Durante o evento, uma multidão transfere as pesadas figuras protegidas em urnas de vidro por várias ruas da parte colonial da capital.
A elaboração da comida típica fanesca, que deixa para trás o jejum da Quaresma, é outra tradição. A sopa é feita com diferentes tipos de milho, lentilha, feijão, leite, queijo, ovos, abóbora, e pedaços de bacalhau seco, que juntos foram uma sopa espessa, adornada com pequenas empadas e
bananas.
Uma das tradições mais pitorescas da Venezuela é a queima de Judas no Domingo da Ressurreição. Outra, menos divulgada, deu vida a uma expressão popular no país: 'mais procurado que palito de romero'. Isso porque, nas Sextas-Feiras Santas, os venezuelanos costumam buscar sete palitos de romero na esperança afastar os raios e as centelhas.


No Paraguai, país católico de arraigada religiosidade, Assunção
fica quase deserta, pois é tradicional viajar ao interior para passar a data em
família. A Quinta-Feira Santa é dia de ficar ao redor do 'tatakuá' (forno de
barro, em guarani), com carne e sopa (que na realidade é uma torta salgada) que consumirão na 'karú guasú' (Última Ceia). Também está presente a chipá, uma torta a base de amido, leite, queijo, ovos, óleo e sal que será seu único alimento durante o jejum de Sexta-Feira Santa.
As maiores procissões no Peru ocorrem na cidade serrana de Ayacucho, no sul do país. Nesses locais, a população se une em cantos em língua quíchua e, entre elas, destaca a do Cristo ressuscitado, uma das maiores em cera da América Latina.


Os limenhos costumam percorrer as sete principais igrejas do
centro histórico da capital na Quinta-Feira Santa, além da colina   San Cristóbal, na outra ribeira do rio Rímac, palco de uma representação da 'Via-Sacra' realizada com a mesma pessoa há 30 anos.

Na América Central, são famosos os tapetes de flores e
serragem que enfeitam as ruas na Guatemala, El Salvador e Honduras. Nesses países, os fiéis mais fervorosos participam dos principais atos religiosos, enquanto outros preferem descansar em família nas praias.


Na Guatemala, a tradição é comer bacalhau à vizcaína, peixe seco, curtido em vegetais, preparado com o fermento da piña colada, milho, gengibre, assim como torrijas.
O prato mais representativo na Costa Rica é a mel de chiverre, uma conserva típica. O chiverre se parece com abóbora, grande e de crosta muito grossa e dura. Já no Panamá são tradicionais as procissões com as imagens de Nossa Senhora, de São Pedro, Santiago e São João. Ocorrem ainda as corridas dos santos, próprias do Domingo da Ressurreição, em sinal de júbilo.


No Brasil, apesar do país ter o maior número de católicos do mundo, a Semana Santa é mais uma ocasião para o lazer e o turismo. O mesmo
acontece no Uruguai, considerado o país mais laico da América Latina, onde a Semana Santa é conhecida oficialmente há décadas como Semana do Turismo.


- O que não podemos desconhecer as grandes manifestações religiosas com longas liturgias, como o lava pés, procissões, adoração do Senhor Morto, malhação de Judas, e grandes espetáculos de teatro ao ar livre encenando a Paixão de Cristo, no interior de Pernambuco – Nova Jerusalém e em Arapiraca Alagoas, no morro da Massaranduba. Dentre outras ainda no Brasil, em Goiânia, Goiás Velho, nos oferece na gastronomia; o Peixe na Telha (uma delícia), na tradição religiosa; a Procissão dos Farricocos.


Procissão do Fogaréu - Goiás Velho - Semana Santa.
Durante a Semana Santa, ocorre em Goiás Velho a Procissão do Fogaréu, que começa à meia-noite de quarta-feira na porta da Igreja da Boa Morte. A cerimônia, que duras duas horas, simboliza a busca e a prisão de Jesus Cristo. Na procissão, 40 farricocos, fiéis encapuzados, representam a guarda romana e os homens que abrem os cortejos de execução. As luzes das ruas são apagadas e milhares de pessoas caminham pela cidade carregando tochas ao som de tambores e músicas barrocas do século XIX.


- Na República Dominicana, a Semana Santa mantém vivo o tradicional desfile de 'gagás', uma mistura de desfile e baile para saudar a chegada da primavera principalmente nos núcleos onde residem os cortadores de
cana das plantações açucareiras. Quanto à gastronomia, nestas datas é época de degustar as habichuelas (feijões) com doce, uma mistura batida e cozida em fogo brando por várias horas.


Na Argentina, a celebração da Páscoa é uma ocasião para reunir a família. É tradição o almoço com gastronomia típica - paeja, bacalhau e o tradicional assado argentino.
No outro lado do Atlântico, na Espanha, cada região imprime um
estilo diferente às celebrações, marcadas pelo rigor e a sobriedade nas zonas do interior e pelo fervor e o folclore popular no sul do país. A Semana Santa espanhola também representa um encontro com a rica gastronomia do país.


Entre os pratos típicos desta época estão as tradicionais
sopas de vigília, a base de grãos-de-bico e bacalhau, enquanto entre os doces mais consumidos, especialmente em Madri, figuram as torrijas, feitas com pão à milanesa com leite e ovo, frito em óleo e espanado com açúcar e canela.


A Semana Santa italiana é das mais curtas da Europa, já que somente na segunda-feira de Páscoa ou segunda-feira do Anjo é feriado. Além dos
ofícios religiosos próprios da Paixão e Morte de Cristo existem as celebrações do papa Bento XVI no Vaticano.
No Domingo da Ressurreição, os italianos preparam um café da
manhã rico, com base de vísceras de cordeiro, fritada de aspargos e alcachofras, pizza doce, ovos duros, lombo e ovos de chocolate, que costumam ser quebrados ao fim para dar sorte aos comensais.


Em Israel e os territórios palestinos, a Semana Santa está profundamente influenciada pelo fato de ser celebrada no lugar onde transcorreram os episódios lembrados. Jerusalém é o epicentro da festa, que apesar de não ter o colorido da Guatemala, Filipinas e da Espanha, atrai milhares de peregrinos.
No terreno gastronômico, os cristãos palestinos preparam nestas datas o 'kak', um doce de sêmola a base de tâmaras e com forma de coroa (para simbolizar a coroa de espinhos). Há também o similar 'maamul', com nozes, um pouco de vinagre e formato de esponja para lembrar a esponja embebida em vinagre que um soldado romano aproximou de Jesus na cruz.


O que vimos nada mais é do que um resumo das maravilhas do que o turismo aglutina com a fé, o chamado turismo religioso, e com a culinária, o turismo gastronômico.

Primeira Edição © 2011