Conselho de Ética deixa caso Demóstenes para depois da Páscoa

29/03/2012 16:21

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Folha Online

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O Senado vai decidir somente depois da Páscoa se instaura processo por quebra de decoro parlamentar contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O presidente interino do Conselho de Ética da Casa, senador Jayme Campos (DEM-MT), se declarou impedido para julgar o colega de partido --e convocou reunião do colegiado para o dia 10 de abril com o objetivo de eleger um novo presidente.

O cargo está vago desde o ano passado, quando o senador João Alberto (PMDB-MA) se licenciou do Senado.

Pelo regimento da Casa, cabe ao presidente do Conselho de Ética da Casa decidir se acata representação por quebra de decoro contra um parlamentar. O PSOL encaminhou ontem ao conselho representação contra Demóstenes para que o órgão investigue sua ligação com o empresário do ramo de jogos, Carlos Cachoeira.

Campos poderia decidir sobre o processo como vice-presidente, já que o cargo está vago, mas pediu ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para ficar fora do caso. "Para mim fica difícil assumir a presidência do Conselho porque o Demóstenes é do mesmo partido que o meu. Fica muito ruim para mim", disse.

O presidente do Conselho de Ética pode mandar instaurar o processo, levando-o para o plenário do colegiado, ou recomendar o seu arquivamento. Se for arquivado, o PSOL pode recorrer se conseguir o apoio de cinco membros do conselho.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que as denúncias contra Demóstenes são "graves" e que o Senado deve dar o andamento à representação do PSOL. "Ele [Jayme Campos] me comunicou que sendo vice-presidente do Conselho acha que a presidência está vaga. E o presidente que teria a competência de decidir sobre a representação. O senador disse que iria consultar o jurídico da Casa para ver que solução teria que tomar", disse Sarney.

DENÚNCIAS
O nome do senador Demóstenes Torres (DEM) aparece em conversas, gravadas pela Polícia Federal, em que o empresário de jogos clandestinos Carlinhos Cachoeira e integrantes do seu grupo mencionam cifras milionárias ligadas ao nome do político. A informação foi divulgada ontem pelo "Jornal Nacional". Anteontem, a Procuradoria-Geral da República abriu investigação contra Demóstenes por sua relação com Cachoeira.

De acordo com a reportagem, na conversa, gravada há um ano, o empresário discute a contabilidade da organização com seu contador e com um sócio. Não fica claro o contexto das conversas gravadas pela PF nem para quem seria destinado o dinheiro. Em certo momento, segundo a reportagem, o empresário pergunta ao seu sócio o que ele, Cachoeira, reteve. Ouve como resposta: "R$ 1 milhão do Demóstenes".

O diálogo está entre os cerca de 300 gravados pela PF em que aparecem nomes de parlamentares, entre eles Demóstenes. Eles constam da Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira e integrantes de seu grupo foram presos. O advogado do senador, Carlos de Almeida Castro, afirmou que as supostas gravações noticiadas pelo "Jornal Nacional" não têm "nenhum valor jurídico, são totalmente nulas".  

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